divulgação (Foto: Suspeito de feminicídio, advogado José Luiz de Britto (Reprodução/Redes Sociais))
Após pedido de sigilo, procuradora da OAB é dispensada; PM abre batalhão
para manter advogado detido
Procuradora-geral diz que advogada afastada agiu sem consultar ninguém,
em desacordo com normas da ordem
Após pedido de segredo de
justiça da investigação sobre o caso do advogado José Luiz
de Britto Meira Júnior, suspeito de feminicídio pelo assassinato da namorada Kézia
Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, a procuradora da Ordem dos
Advogados do Brasil seção Bahia (OAB-BA) responsável pela ação foi
dispensada nesta quarta-feira (20). A procuradora-geral Mariana Oliveira
conta que a advogada não a consultou antes de agir, o que considerou
um "fato extremamente grave".
"A defesa [do suspeito] fez uma solicitação especial à advogada
[dispensada] solicitando sigilo por conta de o caso estar exposto na mídia,
alegando que isso poderia prejudicar o andamento das investigações. Nesse
momento, a advogada deveria ter explicado que não nos cabia decidir isso, é
função do advogado de defesa. Mas ela fez a solicitação em nome da OAB e não
consultou a procuradoria geral", conta.
O pedido foi retirado no mesmo dia. Mariana explica que a procuradora
agiu sozinha, em desacordo com as normas da OAB. "Isso seria
impossível de acontecer, não é a nossa forma de agir. Encontrei a petição, com
a ação no nome dela. Imediatamente fizemos um pronunciamento nos próprios autos
pedindo desistência. Como nós identificamos que foi um fato extremamente grave,
pois representa o exercício da nossa atividade e enfraquece todo o trabalho que
estamos acostumados a fazer, houve um consenso de que agir sem nos consultar
foi grave. Então, ela foi dispensada. Eu fui diretamente fazer isso", diz.
Sala de Estado-Maior
Devido a inexistência de uma sala de Estado-Maior na Bahia, prevista
para a prisão preventiva segura de advogados, a Justiça concedeu a José Luiz de
Britto a transferência da pena inicial
para prisão domiciliar. Mas isso ainda pode ser revertido.
Depois de uma ação da Polícia Civil
que tenta adaptar uma sala do Cope (Centro de Operações Especiais) para
que fique parecida com uma sala de Estado-Maior, a Polícia
Militar enviou, nesta quarta-feira (20), a pedido da Justiça, informações sobre
uma sala no Batalhão de Choque que poderia ser utilizada como alternativa para
a prisão do advogado.
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-Ba) informou que, até esta
quinta-feira (21), deve confirmar a validade da sala. A procuradora-geral da
OAB, Mariana Oliveira, reafirmando a posição da ordem,
criticou a medida. "Não seria válida, tem grade e não tem a menor
infrestrutura para receber o advogado. Nos termos de oficio, vasmos insistir
para que a decisão de Justiça seja seguida da forma correta", declara.