
divulgação (Foto: Isaac Nóbrega/PR)
Moraes arquiva investigação
contra Bolsonaro sobre falsificação de certificados de vacinação
Decisão
foi tomada após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que
apontou falta de provas para sustentar acusações
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu,
nesta sexta-feira (28), arquivar a investigação sobre um possível esquema de
falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19 envolvendo o
ex-presidente Jair
Bolsonaro e o deputado federal Gutemberg
Reis (MDB-RJ). A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que
apontou falta de provas para sustentar as acusações. As
informações são da Agência Brasil.
O caso também envolvia o deputado, mas a investigação será encaminhada
à Justiça comum para apurar o envolvimento de outros suspeitos sem foro
privilegiado.
A investigação teve início com a delação premiada do
tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid afirmou que
o ex-presidente solicitou a inserção de dados falsos no sistema do Ministério
da Saúde, dizendo: “Faz pra
mim e pra Laura”, referindo-se a ele e à sua filha.
A Polícia Federal identificou que dados falsos sobre a vacinação
de Bolsonaro e de sua filha foram registrados e depois apagados. O delegado
Fábio Álvarez Shor, responsável pelo relatório final, listou sete pontos que
sugeriam a participação de Bolsonaro no esquema, como o uso de um computador no
Palácio da Alvorada para imprimir certificados falsos e o discurso antivacina
do ex-presidente, que reforçaria o contexto da fraude.
A investigação resultou no indiciamento de 17 pessoas, incluindo
Bolsonaro, Gutemberg Reis e Mauro Cid, pelos crimes de associação criminosa e
inserção de dados falsos em sistemas públicos. No entanto, a PGR optou por não
apresentar denúncia formal contra os dois envolvidos com foro privilegiado,
considerando que não havia elementos suficientes para sustentar as acusações.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, justificou o
pedido de arquivamento, destacando que a investigação dependia principalmente
da delação de Cid, sem provas independentes que confirmassem a ordem direta de
Bolsonaro para a falsificação. “Em
prejuízo da viabilidade de apresentação de acusação penal, somente o
colaborador afirmou que o Presidente lhe determinara a realização do ato”, disse
Gonet.
No caso de Gutemberg Reis, a PGR indicou que o deputado, ao
incentivar a vacinação em postagens nas redes sociais, parecia ter sido
vacinado contra a Covid-19, enfraquecendo as suspeitas sobre sua participação
no esquema.
Embora o inquérito tenha sido arquivado, a delação de Cid ainda
é usada em outras investigações, como no caso da tentativa de golpe de Estado,
no qual Bolsonaro já responde como réu perante o STF.
Entenda a decisão do ministro Alexandre de
Moraes
Alexandre de Moraes acatou o pedido da PGR e arquivou o caso
para Bolsonaro e Gutemberg Reis. “Diante do
exposto, acolho a manifestação da Procuradoria-Geral da República e: (1) DEFIRO
O ARQUIVAMENTO DESTA INVESTIGAÇÃO em relação a JAIR MESSIAS BOLSONARO e
GUTEMBERG REIS DE OLIVEIRA (…) (2) DECLINO DA COMPETÊNCIA DESTA SUPREMA CORTE
em relação aos demais investigados (…)“, escreveu o ministro.
A decisão determinou também que a investigação contra os outros
15 suspeitos, sem foro privilegiado, fosse encaminhada à Justiça comum do
Distrito Federal, para dar continuidade ao processo.
O arquivamento não implica na inexistência de crime, mas na
falta de provas suficientes para formalizar a denúncia. O procurador-geral
Paulo Gonet destacou que a ausência de elementos autônomos inviabilizava a
acusação formal contra os dois citados.