Divulgação (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
STF inicia
negociações de conciliação sobre regras do Marco Temporal
O relator do processo, Gilmar Mendes, ressaltou que é possível
chegar a um acordo sem esrespeitar as ocupações consolidadas
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou
nesta segunda-feira (5), a primeira audiência na tentativa de conciliação
sobre as regras de demarcação de terras indígenas. Relator do caso na Corte, o
ministro Gilmar Mendes defendeu que é possível definir as áreas sem
desrespeitar as ocupações consolidadas.
A lei aprovada no último
ano prevê que serão passíveis de demarcação apenas áreas em que estiverem
ocupadas pelos povos indígenas na data da promulgação da Constituição, em 5 de
outubro de 1988. Gilmar menciona cinco ações que tratam ou questionam a
constitucionalidade da Lei do Marco Temporal.
O relator também disse que
tratar os que ocupam as terras em situações consolidadas como violadores não
resolverá o debate. "Muitos casos de titulação decorreram de ações dos
governos federal e estadual. Há inúmeros direitos fundamentais em jogo no conflito
que perdura por séculos. A vilanização de indivíduos e a utilização de lentes
monocromáticas empobrece o debate e inviabiliza a construção de soluções",
afirmou Gilmar. "A inação não é mais uma opção. A crise não vai se
resolver sozinha."dsse ao discursar na primeira audiência de conciliação.
Na
audiência, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai),
Joenia Wapichana, solicitou que a comissão busque soluções e caminhos que
evitem retrocessos aos direitos daqueles que são representados pelo órgão. O
coordenador jurídico da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), Maurício
Terena, ressaltou o pedido da entidade para que a Lei do Marco Temporal
seja suspensa para garantir "diálogo e equidade" na comissão.