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CNJ instaura pedido de providência contra tribunal baiano:
"É como se metade dos processos tivesse uma movimentação por ano"
O Tribunal de Justiça da Bahia alega que já vem concentrado
esforços para atender às comarcas da capital e do interior
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) vem chamando a atenção do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, na última segunda (20), foi alvo de um
pedido de providência instaurado pelo corregedor nacional de Justiça, ministro
Luis Felipe Salomão. Ele pede que sejam adotadas medidas urgentes com o
objetivo de regularizar e estruturar os trabalhos desenvolvidos pela Corte
baiana.
“A clara ausência de planejamento estratégico acaba gerando
resultados desastrosos”, apontou o ministro na decisão, fazendo referência à
baixa produtividade e aos poucos processos sentenciados com recursos pendentes
de julgamento no Tribunal de Justiça da Bahia. Segundo o pedido de providência,
cerca de cinco mil processos estão parados há mais de cem dias na Corte
baiana.
De acordo com dados do painel Justiça em Números, do CNJ, o
tempo médio do início do processo até o primeiro julgamento no 1º Grau baiana é
de quase cinco anos (1.790 dias). Essa média só vem crescendo desde janeiro de
2021, quando começou a série histórica do conselho. A taxa de processos
congestionados é de 67%.
Entre os fatores que contribuem para essa situação, citados pela
corregedoria, estão “a desorganização, a precária normatização do serviço
integrado e a desatualização do Pje [sistema eletrônico de tramitação de
processos judiciais do TJBA] usado em primeiro grau”.
“É como se metade dos processos da vara praticamente tivesse uma
movimentação por ano”, apontou a decisão. Além da instauração do pedido de
providência, foi estabelecido o prazo de 30 dias para que o tribunal verifique
a possibilidade de atualização do PJe e a normatização de critérios para
designar juízes titulares de substituição em auxílio a varas da capital.
Entre os dias 8 e 12 de abril, a Corregedoria Nacional de
Justiça realizou uma inspeção ordinária no tribunal baiano. Durante a visita,
foram identificadas deficiências administrativa comprometendo toda a atividade
jurisdicional no estado. Em especial, são apontadas situações consideradas
“preocupantes”, em relação à disparidade de estrutura administrativa entre o
primeiro e o segundo grau de jurisdição.
O que
diz o tribunal
Em nota enviada ao Metro1,
o TJ informou que, já durante a visita de inspeção em abril, os conselheiros do
CNJ foram apresentados às rotinas de trabalho e fluxos administrativos da
Corte, e fizeram observações e adequações.
“A Presidência do TJBA já havia concentrado inúmeros esforços
para atender às comarcas da capital e do interior em uma busca incessante pela
melhoria e pelo aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, com investimento em
tecnologia da informação, inteligência artificial, equipamentos mais modernos e
internet de melhor qualidade. Tais ações buscam responder, de imediato, às
demandas, a fim de melhorar a atividade jurisdicional e a eficiência
administrativa do TJBA”, disse o tribunal.
A nota cita ainda que o ingresso de novos servidores e
magistrados, a oferta de capacitação, o investimento em tecnologias, além de
métodos adequados e alternativos de resolução de conflitos e o reconhecimento e
incentivo do bom desempenho das unidades judiciais já demonstram resultados,
como nos primeiros quatro meses deste ano, quando houve, segundo o Tribunal, um
crescimento de 46% dos processos julgados pelo TJBA, em comparação com o mesmo
período do ano passado.
"Por fim, a instauração do pedido de providências, por
parte do CNJ, com o prazo de 30 dias, resulta em dar continuidade a essas ações
da Presidência do TJBA que, desde a visita dos Conselheiros, tem somado todos
os esforços e realizado ações permanentes, com secretários e assessores, para a
implementação e a adequação das situações apontadas pela Corregedoria Nacional
de Justiça dentro do prazo previsto”, concluiu a nota.