Divulgação (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
TSE anula
decisão que tornou presidente do Iphan inelegível por oito anos
Corte considerou que o ex-candidato ao governo do Distrito
Federal não cometeu abuso dos meios de comunicação e disseminação de fake news
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, de forma unânime,
reverter a decisão que tornou o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass inelegível por oito anos. Nesta
terça-feira (14), a Corte considerou que o ex-candidato ao governo do Distrito
Federal não cometeu abuso dos meios de comunicação e disseminação de fake news
durante as eleições de 2022, seguindo parecer do Ministério Público Eleitoral.
Acolhendo recurso da chapa de Leandro Grass (PV) e de Olgamir
Amancia (PCdoB), que disputaram o governo pela Federação Brasil da Esperança
(PT, PCdoB e PV), os ministros do TSE anularam a condenação imposta pelo Tribunal
Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) em março deste ano.
A inelegibilidade havia sido decretada após o tribunal regional
concluir que houve abusos dos meios de comunicação, entendendo que Grass se
valeu do horário gratuito de rádio, TV e internet para promoção de propaganda
negativa contra o adversário, o governador Ibaneis Rocha (MDB), então candidato
à reeleição.
Ao analisar o conteúdo que, segundo a Coligação Unidos pelo DF
(MDB, PP, PL, Agir, SD, Avante, PROS), autora da ação contra Grass e Amancia,
buscava produzir desinformação contra o adversário e obter benefício eleitoral,
o ministro do TSE André Ramos Tavares, relator do caso, argumentou que não foi
possível comprovar a acusação.
De acordo com o magistrado, as provas do processo não foram
suficientes para "afirmar a existência de veiculação de propaganda
contendo notícias falsas, sabidamente inverídicas ou gravemente
descontextualizadas". Tavares afirmou que não é possível fundamentar o
entendimento de que a campanha dos condenados "teria como estratégia a
prática de ilícitos".
O ministro entendeu ainda que parte dos elementos apresentados
no processo já haviam sido extintos após determinações monocráticas de exclusão
do conteúdo de campanha. Para ele, o fato de os ex-candidatos já terem sido
condenados em outras ações por propaganda irregular não configura,
automaticamente, abuso de poder.
Ao proferir o voto que derrubou a inelegibilidade de Grass e
Amancia, o relator afirmou que o conteúdo investigado apenas apresenta
"críticas, ainda que agressivas, mas próprias do limite da disputa
eleitoral".
Segundo o advogado de Grass, Jonatas Moreth Mariano, foram
justamente as críticas à gestão de Ibaneis Rocha e ao descumprimento de
promessas dele que levaram ao processo. Para Mariano, a ação é uma forma de
tentar calar a oposição, o que, de acordo com ele, revela "um governo
incompetente ou mentiroso".
No X (antigo Twitter), Grass comemorou a decisão e disse que ao
mesmo tempo em que não há mais inelegibilidade, há "muita vontade de
recuperar nossa cidade e devolvê-la ao nosso povo". O presidente do Iphan
também afirmou que a eleição de 2026, que elegerá novos governadores,
"está bem ali".
Em 2022, Grass ficou em segundo lugar na disputa ao governo do
Distrito Federal com 26,25% dos votos, enquanto Ibaneis Rocha recebeu 50,30%
deles, sendo reeleito no primeiro turno.