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Ministra Cármen Lúcia vota contra poder moderador das Forças
Armadas
Em seu voto, a ministra afirmou que em nenhuma Constituição
brasileira as Forças Armadas receberam a condição de Poder, nem mesmo
moderador, e que a leitura da história deve ser feita “de todo o enredo, não de
uma página”
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia,
votou nesta sexta-feira (5) em uma ação que trata sobre os limites
constitucionais da atuação das Forças Armadas e sua hierarquia em relação aos
Poderes.
Em seu voto, a ministra afirmou que em nenhuma Constituição
brasileira as Forças Armadas receberam a condição de Poder, nem mesmo
moderador, e que a leitura da história deve ser feita “de todo o enredo, não de
uma página”. A ministra foi a oitava a votar no julgamento, que começou na
última sexta-feira e vai até segunda-feira (8).
Já há maioria para afastar qualquer interpretação de
poder moderador dos militares. Para Cármen Lúcia, qualquer ação das Forças
Armadas fora da lista de suas atribuições constitucionalmente definidas é
"inconstitucional e, portanto, inválida". A ministra afirma que no
sistema constitucional brasileiro não existe "sequer" referência a
qualquer atuação exorbitante ou autônoma das Forças Armadas em relação aos
poderes constitucionais.
"Essa adjetivação do poder constitucional não se contém na
gênese nem na dinâmica das Forças Armadas como estruturada constitucionalmente.
São forças, não poderes. E como toda força social, política, econômica e mesmo
a jurídica submissas ao ordenamento constitucional e aos limites de competência
a elas assinalados no sistema e, ainda, às injunções dos poderes constitucionais",
diz a ministra em seu voto.
Discussão
A ação discute interpretações do artigo 142 da Carta Magna, que
trata das Forças Armadas. Ela foi apresentada pelo PDT em 2020,
questionando o dispositivo constitucional e pontos da lei de 1999 que regula o
emprego das Forças, como, por exemplo, as atribuições do presidente da
República diante de pedido do uso das Forças pelos demais Poderes.
O pedido para que a Suprema Corte analise o tema tem como pano
de fundo declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus
apoiadores com interpretações sobre o artigo 142 da Constituição, que, segundo
eles, permitiria aos Poderes pedir intervenção militar em casos necessários
para o reestabelecimento da ordem.