Divulgação (Foto: Agência Brasil)
Fux diz que Constituição não permite
intervenção militar e nem encoraja ruptura democrática
STF iniciou nesta sexta (29) o julgamento sobre os limites de
atuação das Forças
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, em plenário virtual
nesta sexta-feira (29), o julgamento que trata dos limites constitucionais da
atuação das Forças Armadas e a hierarquia da instituição militar frente aos
Três Poderes. Os ministros têm até o dia 8 de abril para registrar seus votos
no sistema. O relator do caso, Luiz Fux, já deu o seu parecer nesta manhã,
afirmando que Constituição não encoraja ruptura democrática.
Para ele, a Carta de 1988 não autoriza que o presidente da
República recorra às Forças Armadas contra os outros dois Poderes - Congresso e
Supremo -, bem como não concede aos militares a atribuição de moderar eventuais
conflitos entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
"Qualquer instituição que pretenda tomar o poder, seja qual
for a intenção declarada, fora da democracia representativa ou mediante seu
gradual desfazimento interno, age contra o texto e o espírito da
Constituição", disse o ministro em seu voto, acrescentando ser urgente
"constranger interpretações perigosas que permitam a deturpação do texto
constitucional e de seus pilares e ameacem o Estado Democrático de
Direito".
A ação foi apresentada pelo PDT em 2020, questionando pontos da
lei de 1999 que regula o emprego das Forças, como, por exemplo, as atribuições
do presidente da República frente ao pedido do uso das Forças pelos demais
Poderes.
O pedido para que a Corte analise a questão tem como pano de
fundo declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores com
interpretações sobre o artigo 142 da Constituição, que, segundo eles,
permitiria aos Poderes pedir intervenção militar em casos necessários para o restabelecimento
da ordem.