Divulgação (Foto: reprodução)
Caso Daniel Alves: MP da Espanha vai recorrer
para endurecer pena de jogador brasileiro
Brasileiro foi condenado a quatro anos e meio de reclusão e mais
cinco de liberdade vigiada
O Ministério Público espanhol vai recorrer da sentença de Daniel
Alves por agressão sexual, informou nesta sexta-feira o jornal espanhol La
Vanguardia. O brasileiro foi condenado a quatro anos e meio de reclusão e mais
cinco de liberdade vigiada. A solicitação da Procuradoria no julgamento era de
nove anos em regime fechado.
Não foi divulgado se o pedido será para os nove anos de prisão
solicitados pelo próprio MP ainda durante o julgamento. O pedido da acusação
era ainda maior, com prisão de 12 anos, pena máxima para este tipo de crime
pela lei espanhola.
O recurso é encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça da
Catalunha. Se não for aceito, é possível encaminhar ainda ao Tribunal Supremo
de Madri, órgão constitucional máximo do Poder Judicial da Espanha. Do outro
lado, a defesa de Daniel Alves continua a alegar a inocência do jogador. Preso
há 13 meses, o brasileiro já começou a cumprir a pena, enquanto aguarda também
um recurso do julgamento.
A tendência é que Daniel Alves continue preso durante o julgamento
dos dois recursos, o da defesa e o do MP. Durante todo o processo, advogados do
brasileiro tentaram que ele respondesse ao caso em liberdade. Daniel tem casa
em Barcelona, onde mora sua mulher, Joana Sanz. Ele também levou a mãe de seus
filhos e os próprios filhos para morar na cidade com a intenção de convencer a
Justiça de que não fugiria. Mas nenhum desses pedidos foi aceito. Um preso que
dividiu cela com Daniel revelou supostos planos do jogador para fugir da
Espanha se fosse libertado.
Se os recursos forem esgotados (negados até a última instância)
e a condenação persistir, pode haver um pedido enviado ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ) para que a pena seja cumprida no Brasil. É o que pode acontecer
com Robinho, mas por outros motivos. Ele deveria cumprir a pena por estupro na
Itália, mas, como respondia em liberdade, deixou o país. O Ministério Público
Federal (MPF), já com o processo encerrado na Europa, fez então o pedido, que
será julgado no dia 20 de março.
Para isso, é necessário atender a uma série de critérios, como a
garantia de que Daniel continuaria preso no Brasil (manutenção do efeito da
sentença) e a avaliação das partes do processo. Na visão de especialistas,
Daniel deve ter mantida a condenação mesmo após recursos na Espanha.
COMO DANIEL
ALVES PODE TER LIBERDADE MAIS CEDO?
A Justiça espanhola permite ao condenado requerer progressão de
pena no momento em que é cumprido dois anos e quatro meses de pena. Como o
período em que Daniel Alves esteve preso preventivamente (13 meses) conta na
sentença de quatro anos e seis meses, o jogador poderia fazer a solicitação
entre abril e maio de 2025. Caso o pedido seja aceito, o brasileiro pode ganhar
o direito de ir para a casa, mas dormir na prisão, ou de retornar à sua
residência aos fins de semana.
POSSIBILIDADE
DE EXPULSÃO "EM TROCA" DE PARTE DA PENA
Quando um estrangeiro comete um crime na Espanha e é sentenciado
a uma pena menor do que cinco anos, é possível optar pela expulsão do país
depois de todos os recursos negados. Isso é um caminho mesmo que ele tenha
residência legal na Espanha. Uma exigência é que a pena já cumprida não
ultrapasse dois terços do tempo total. Conforme o site do escritório de
advocacia espanhol Ruiz León, "se for oportuno, por razões legais, poderá
ser convencionado o cumprimento de parte da pena, que não poderá ultrapassar
dois terços, sendo o restante da pena que faltar cumprir substituído pela
expulsão do cidadão estrangeiro". Se expulso, o estrangeiro não pode
retornar à Espanha em um prazo de cinco a dez anos. Caso volte, a pena é
retomada.
Ter todos os recursos negados é uma necessidade para o pedido.
Isso significa que as instâncias devem manter a condenação da sentença e que,
portanto, ela é definitiva. Somente depois disso, a solicitação pode ser feita.
Daniel Alves foi condenado a quatro anos e seis meses. Os 13 meses de prisão
preventiva do brasileiro já contam como parte da pena e esse período é abatido
da punição definida em julgamento. O mecanismo é semelhante à legislação
brasileira.
Não é possível apontar quanto da pena Daniel já terá cumprido
quando todos os recursos forem julgados para afirmar se a expulsão será viável,
já que, caso os trâmites demorem, o período de dois terços pode ser superado.