Divulgação (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Lula confirma Lewandowski na Justiça e diz
que Dino será ministro com "cabeça política" no STF
Ricardo Lewandowski assume Ministério da Justiça e Segurança
Pública, substituindo Flávio Dino, indicado para o STF por Lula
Ricardo Lewandowski, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), foi confirmado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o novo ministro
da Justiça e Segurança Pública, nesta quinta-feira (11). Aos 75 anos, ele já
havia aceitado o convite do presidente, nesta quarta-feira (10), para
substituir Flávio Dino que assumirá uma cadeira na Corte.
Lewandowski foi elogiado por Lula. Disse que tanto o Ministério
da Justiça quanto o STF e o povo brasileiro ganharão com os dois em seus novos
cargos. O presidente afirmou ainda que o País precisava de um ministro no
Supremo com "cabeça política" Antes de ser ministro da Justiça,
Flávio Dino foi eleito senador, além de ter sido deputado e governador do
Maranhão.
"Eu sempre sonhei que a gente deveria ter na Suprema Corte
um ministro com a cabeça política, que tivesse vivenciado a política. Não que o
que está lá não tenha. Mas ninguém que está lá tem a experiência política que
tem o Flávio Dino. A experiência de deputado, de perder eleição, de ganhar
eleição, de ser deputado federal, de ser governador duas vezes e, depois,
senador", disse o presidente.
Desde a nomeação de Dino para a Corte Suprema em 27 de novembro,
Lewandowski figurava como o principal candidato para assumir o Ministério da
Justiça. De acordo com Lula, o ex-presidente do STF começará no comando do
ministério em 1º de fevereiro. Até lá, Dino seguirá à frente da pasta. Ele
tomará posse na Corte em 22 de fevereiro.
Lewandowski pretendia começar uma temporada de trabalho mais
tranquila e aproveitar mais a família, após deixar o STF em abril do ano
passado. No entanto, recebeu incentivo de amigos e familiares para aceitar o
cargo.
No anúncio, o presidente também disse que quando indica alguém
para um cargo é porque confia na pessoa. Declarou que não costuma interferir na
montagem da equipe de ministros. Isso é um sinal sobre o poder que Lewandowski
terá na Justiça. Há semanas, pessoas próximas do ex-presidente do STF diziam
que ele não aceitaria trabalhar com um time que não fosse seu. Lula disse que
Lewandowski e Dino não discursariam ou responderiam a perguntas nesta quinta.
Com a saída de Dino e a entrada de Lewandowski, o Ministério da
Justiça poderá ganhar atuação mais discreta. Em conversas reservadas, aliados
de Lula afirmam que o ex-presidente do STF não tem o mesmo perfil de
enfrentamento de Dino, que protagonizou vários confrontos com apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula aposta na "sensibilidade" e na
"expertise" de Lewandowski para enfrentar problemas que o PT não tem
conseguido resolver. A opção pelo egresso do STF leva à Esplanada uma figura
com trânsito no Judiciário, mas não só. Como presidente do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), Lewandowski marcou sua gestão com a capacidade de implementar
mudanças que impactaram o sistema como um todo, como o mecanismo das audiências
de custódia, a partir de 2015.
Com a área de segurança pública sendo a responsável pela pior
avaliação do governo, Lula aposta em um "novo Márcio Thomaz Bastos",
nas palavras de aliados. O objetivo é substituir Flávio Dino, que vai assumir
uma cadeira no STF, com alguém experimentado e capaz de promover avanços
institucionais eficazes como os que marcaram a gestão de Thomaz Bastos, titular
da pasta no primeiro mandato de Lula.