Divulgação (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Influenciador que deu cordão de ouro a Neymar
é investigado por explorar jogos de azar
Peça de ouro, cravejada de diamantes, tem os números 00
inscritos em alto-relevo, e foi dada durante uma festa promovida por Neymar
O influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido
por Buzeira, presenteou o Neymar na quarta-feira (27), com um cordão estimado
em R$ 2 milhões. A peça de ouro, cravejada de diamantes, tem os números 00
inscritos em alto-relevo, e foi dada durante uma festa no cruzeiro organizado
pelo jogador. A embarcação está percorrendo a Região dos Lagos do Rio de
Janeiro, e terá diversas atrações musicais como Péricles e MC LIvinho.
Com mais de 4,5 milhões de seguidores no Instagram, Buzeira
surpreende pelo estilo de vida luxuoso e badalado, apesar de ter recebido
auxílio emergencial durante a pandemia. O jovem é citado em uma investigação da
Polícia Civil de São Paulo por promover supostos jogos de loteria que fazia nas
redes sociais. Trata-se de rifas e sorteios supostamente ilegais de artigos de
luxo. Ele é suspeito de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e exploração
de jogos de azar. Procurada, a defesa não se manifestou. Contudo, nos autos da
investigação, argumentou não haver pertencimento a organização criminosa,
lavagem de dinheiro ou ocultação de bens.
Nascido no bairro de Itaquera, zona leste da capital paulista,
Bruno Alexssander teve inicialmente o sonho de ser jogador de futebol, mas, por
não ter o porte físico adequado, viu-se frustrado no seu projeto inicial.
Depois, ele partiu para o que chamou de "plano B", que era cantar, o
que também não deu certo. Longe dos palcos e dos gramados, o jovem passou a
colaborar com o negócio de comércio exterior de seu tio. Logo depois, em meados
de 2017, ele foi contratado por uma empresa do segmento de comércio exterior,
para o qual tinha enviado currículo dois anos antes. Entretanto, em 2020,
durante a primeira onda da pandemia de Covid-19, ele foi demitido e passou a
apostar na vida como influencer.
Inquérito da Polícia Civil
Com esse empreendimento de sorteio online, Buzeira tornou-se
alvo de um inquérito da Polícia Civil de São Paulo, que foi aberto em março de
2022. O Estadão teve acesso aos documentos que apontam que Buzeira se utiliza
das redes sociais para ganhar dinheiro ilegalmente, "pois não tem
autorização dos órgãos competentes, o que demonstra claramente o meio de
contravenção penal, ou seja, 'jogo do bicho por meio digital'".
As inscrições para participar dos sorteios ocorrem por meio de
links, que são disponibilizados por Buzeira em suas redes sociais. Ao acessar a
página, o internauta encontra dados bancários para realizar o depósito via
transferência ou via Pix, o que é proibido por lei.
Em seu depoimento, Buzeira afirmou que recebeu R$ 50 mil com
estas rifas on-line e o objetivo da iniciativa é aumentar o número de
seguidores nas redes sociais. Além disso, ele afirmou que é proprietário de uma
marca de roupas chamada "Neurose", e ainda é sócio juntamente com sua
companheira no ramo de estética Sobre os sorteios, Bruno informou possuir uma
empresa voltada ao marketing digital,
A polícia já chegou a pedir a prisão preventiva de Buzeira, ou,
ao menos, a proibição de seu acesso as redes sociais. Porém o Ministério
Público manifestou a necessidade de realização de diligências complementares,
como a quebra de sigilos fiscais e bancários do investigado, para prosseguir
com o processo de reclusão do influencer.
A reportagem fez contato com o advogado de Bruno Alexssander,
que estava em deslocamento e disse que se manifestaria mais tarde, o que ainda
não aconteceu. Na investigação ainda em curso, porém, a defesa dele alega que
"as acusações de pertencimento a organização criminosa e lavagem de
capitais não encontram qualquer amparo fático nos autos". Também rechaça
as suspeitas de lavagem de dinheiro "pois não há nenhum indício de que os
valores recebidos por Bruno tenham sido ocultados ou dissimulados" e
porque "tudo o que compõe o seu patrimônio está devidamente
declarado".