Divulgação (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Mendonça suspende julgamento, mas STF forma
maioria para regularizar pagamento de precatórios
Conforme o regimento interno da Corte, o caso deve retornar para
continuidade da análise em até 90 dias
Um pedido de vista do ministro André Mendonça, do Supremo
Tribunal Federal (STF), adiou a conclusão julgamento sobre a regularização do
pagamento de precatórios, até 2026, para que dívidas reconhecidas em decisões
judiciais sejam quitadas. A Corte, no entanto, já formou maioria para declarar
inconstitucional a adoção de um teto anual para o pagamento dos precatórios.
O ministro vai ter até 90 dias para analisar a ação, que é
acompanhada de perto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Depois que
Mendonça devolver o caso para julgamento, o presidente do STF, Luís Roberto
Barroso, deverá colocar o tema novamente em pauta. Não há data para que isso
ocorra.
O STF entra em recesso na terceira semana de dezembro, e os
trabalhos só retornam em fevereiro.
O pedido de vista foi feito por Mendonça no bojo de julgamento
realizado no plenário virtual do STF nesta segunda-feira (27). O relator do
caso, Luiz Fux, votou para deferir o pedido de abertura de extraordinários para
regularização do pagamento de precatórios até 2026.
"Conclui-se que há espaço nas metas orçamentárias de 2023
para o pagamento do passivo gerado nos exercícios 2022 e até abril de 2023,
que, segundo estimativas, está em torno dos R$ 95 bilhões, sem que se comprometa
a estrutura da Administração Pública", ponderou Fux.
"Qualquer argumento que pretenda postergar ainda mais a
solução do problema, em prejuízo aos direitos de diversos administrados que
tiveram seus créditos incluídos em uma moratória compulsória instituída pela
administração federal falece de substrato", completou.
O posicionamento já foi acompanhado pelos ministros Luís Roberto
Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e
Gilmar Mendes e Cármen Lúcia.
Eles defenderam que a Corte acolha o pedido do governo para a
reclassificação das despesas relacionadas ao pagamento dos precatórios, com o
reconhecimento da "urgência e imprevisibilidade decorrentes do pagamento
imediato"dos valores acumulados.
Grande expectatia do Governo Federal
O desfecho do julgamento era aguardado com grande expectativa
pela equipe econômica do Governo Federal, devido ao seu potencial impacto nas
atuais e futuras contas públicas.
Se o atual regime de pagamento de precatórios for mantido, a
dívida judicial acumulada pode alcançar R$ 250 bilhões até 2027, conforme a
estimativa da Advocacia-Geral da União. Apenas o montante acumulado entre 2022
e 2024 pode atingir R$ 95 bilhões.
O relator, Luiz Fux, votou a favor de autorizar a abertura de
crédito extraordinário para que o Governo Federal regularize, até 2026, o
pagamento de precatórios - dívidas do poder público reconhecidas em definitivo
pela Justiça.
Fux também se posicionou pela inconstitucionalidade do teto para
o pagamento de precatórios proposto em 2021 pelo governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e aprovado pelo Congresso Nacional. Na época, a medida foi
justificada como um esforço para cumprir as metas fiscais vigentes.
O teto foi questionado no Supremo, em 2021, pelo PDT e pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com destaque para a suspensão da obrigação
do governo de quitar precatórios acima do teto entre 2022 e 2026.
Através
da Advocacia-Geral da União (AGU), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) expressou a intenção de antecipar o pagamento de precatórios que
seriam postergados para 2027. A principal meta é evitar o acúmulo de dívidas
judiciais em níveis insustentáveis no futuro.