Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025

Esporte

Publicada em 11/12/21 às 21:55h - 36 visualizações
“O Bahia era a alegria e a tristeza dele também”, diz filha de torcedor que infartou durante jogo
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Metro1

divulgação  (Foto: Arquivo pessoal)

“O Bahia era a alegria e a tristeza dele também”, diz filha de torcedor que infartou durante jogo

O aposentado Ailton sofreu um infarto fulminante enquanto assistia ao jogo que selou o rebaixamento do tricolor

 

aposentado Ailton Mangueira da Cunha, 67 anos, estava feliz pelo nascimento recente da  netinha. Como os milhões de torcedores do Bahia, vivia a ansiedade na última quinta-feira (09) para o jogo decisivo contra o Fortaleza, porém confiante na permanência do time na Série A.  Antes da partida começar, fez uma chamada de vídeo para a filha caçula, a estudante de nutrição Ludmila Cunha. Ele disse que estava tudo bem e estava vendo a novela com a esposa antes do jogo começar. 

Quando o Bahia abriu o placar aos 25 minutos do primeiro tempo, ele fez uma nova chamada de vídeo para comemorar o gol com as filhas. O Fortaleza viria a empatar o jogo nos acréscimos do primeiro tempo e o aposentado começou a sentir um leve mal estar. “Ele disse que estava bem e que era só um mal estar. Minha mãe fez um chá para ele e deu algo para comer. Achou que poderia ser uma queda da glicemia, porque ele era diabético”, conta Ludmila.

O segundo tempo começou e o Bahia precisava de mais um gol para confirmar a permanência, sem depender do resultado das outras equipes. Quem virou a partida, porém, foi o Fortaleza, aos 33 minutos do segundo tempo. Nesse momento, Ailton começou a suar frio e pediu para a esposa levá-lo a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) porque ela não estava bem. “Minha mãe pediu ajuda a um vizinho e cinco minutos depois eles já estavam no Hospital do Subúrbio, porque moramos em Periperi, que é bem perto. Na porta do hospital, ele desmaiou e os maqueiros levaram para a emergência. Os médicos fizeram manobras de reanimação por 10 minutos, mas ele não resistiu”, relata Ludmila. “A médica falou que ele sofreu um infarto fulminante. Ele era diabético e hipertenso, mas as duas doenças estavam sob controle”, completa.

Estresse - Ludmila lembra que o pai era uma pessoa bem tranquila, que não costuma perder o equilíbrio, a não ser quando o assunto era o Bahia. “Ele ficava nervoso, estressado, gritava, mas nunca havia passado mal durante o jogo. Eu ainda falava para não se estressar, porque ele poderia morrer e o Bahia iria continuar, mas não adiantava”, conta. 

Ludmila escreveu em seu perfil no Twitter que o Bahia lhe tirou o bem mais precioso, mas ela diz não ter mágoa do clube. “Não culpo o Bahia, mas não vou conseguir ver um jogo tão cedo. Acho que daqui a um ano vou conseguir assistir. Sei que não foi culpa, em si, do Bahia, ele (o pai) que se estressava muito. Era a forma como ele reagia aos jogos”, afirma.  “O Bahia era a alegria e a tristeza dele também. Ficava devastado quando o Bahia perdia. Se irritava com o time”, lembra.

O bahia me tirou meu bem mais precioso, o meu pai.... eu não quero acreditar nisso

— ludinha (@ludimilacunhaa) December 10, 2021

A estudante de nutrição disse que representantes do clube entraram em contato com ela e uma coroa de flores foi enviada para o sepultamento do pai, realizado nesta sexta-feira (10) no Cemitério Campo Santo. “Eles também disseram que vão fazer uma homenagem no museu do clube que ainda será inaugurado”, conta.

Ludmila ainda está assimilando a perda do pai e tenta se apegar a alguns detalhes para amenizar a dor. Como Ailton foi levado ao hospital antes do final do jogo, ela acredita que o pai morreu sem ver o Bahia ser rebaixado mais uma vez para a Série B do Campeonato Brasileiro. “Ele não viu o Bahia ser rebaixado porque, assim que o Fortaleza virou o jogo, ele se sentiu mal e acabou sendo levado para o hospital. Meu pai ficava preocupado em o Bahia descer e não conseguir se organizar para subir de volta”, lembra.

A estudante de nutrição agradece o apoio que vem recebendo da torcida após a perda do pai e espera se recuperar para voltar a acompanhar a paixão que o pai lhe ensinou a viver. “Recebi muito apoio. Foi surpreendente e gostaria de agradecer a todos. Ainda não sei quando conseguirei assistir a um jogo do Bahia, mas sei que com o tempo vou me recuperar e voltar a viver essa alegria de acompanhar o clube, que aprendi a amar através de meu pai”, diz. 




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