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Acerto de Ancelotti com o Real Madrid
surpreende cúpula da CBF
Para a cúpula da CBF, a renovação do treinador com o Real, até
2026, foi consequência direta da intervenção sofrida pela entidade brasileira
O anúncio do Real Madrid de renovar o contrato do técnico Carlo
Ancelotti surpreendeu a cúpula da CBF. Membros da entidade lamentaram a
extensão do vínculo do treinador italiano com o clube espanhol e culparam a
intervenção da Justiça do Rio de Janeiro pela decisão de Ancelotti, que era
cotado para assumir a seleção brasileira a partir de junho de 2024.
Segundo apurou o Estadão, a renovação do treinador com o Real
foi considerada inesperada por membros da gestão da CBF. Alguns até já
esperavam pelo movimento de Ancelotti, mas não neste fim de ano. A expectativa
era de que o italiano se manifestasse sobre a instabilidade política da
entidade somente após suas eleições, no primeiro semestre de 2024.
A surpresa, portanto, se deve mais ao momento em que o italiano
anunciou sua decisão. "Esperávamos que o assunto fosse resolvido mais para
a frente porque o contrato do Ancelotti com o Real ia até junho (de
2024)", afirmou um dirigente da entidade à reportagem. Oficialmente, a
confederação não se manifestou sobre a decisão do técnico italiano.
Para a cúpula da CBF, a renovação do treinador com o Real, até
2026, foi consequência direta da intervenção sofrida pela entidade brasileira.
No início do mês, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) destituiu o
presidente Ednaldo Rodrigues e nomeou um interventor para assumir
temporariamente o comando da CBF e promover eleições num prazo de 30 dias
úteis.
O TJ-RJ decidiu que o comando provisório da entidade deveria
ficar com José Perdiz de Jesus, que deixou o cargo de presidente do Superior
Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para assumir a CBF. "Como um técnico
vai assinar contrato com um interventor que vai ficar apenas 30 dias no
cargo?", questionou dirigente ouvido pelo Estadão. "Vendo a
estabilidade na CBF, o Ancelotti resolveu definir logo o seu futuro",
afirmou.
O experiente técnico italiano tinha acordo verbal com a CBF para
assumir o comando da seleção brasileira, segundo afirmou publicamente Ednaldo
Rodrigues mais de uma vez. O então presidente da CBF, contudo, nunca apresentou
documentos ou o suposto pré-contrato com Ancelotti. Publicamente, o italiano
nunca confirmou o acerto. Alegava que tinha vínculo com o Real até junho de
2024. E somente depois disso definiria o seu futuro
Internamente, o clima na CBF é considerado "horrível"
devido à instabilidade política e também porque a destituição de Ednaldo
aconteceu logo no início do recesso da entidade. Na prática, a confederação
está paralisada, com pendências acumuladas. E ainda sob o risco de punição por
parte da Fifa, que não reconhece o interventor como legítimo presidente da
entidade.
Pelo que estabeleceu o TJ-RJ, a CBF deverá fazer eleição no mês
de janeiro. Mas a Fifa já avisou que só reconhecerá o pleito após visitar o
País para entender melhor a situação. A entidade que rege o futebol mundial
programou essa visita para a semana do dia 8 de janeiro, justamente quando se
encerra o recesso da CBF e todos os diretores e funcionários voltarão a
trabalhar na sede da confederação, no Rio de Janeiro.
Nos últimos dias, Ednaldo tentou reverter a decisão do TJ-RJ,
mas sofreu derrotas seguidas tanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto
no Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista à revista Veja, nesta sexta, o
presidente afastado afirmou que acredita nas instituições brasileiras e revelou
que não pretende se lançar candidato na futura eleição da CBF.