divulgação (Foto: Reprodução)
Salvador fecha dezembro com recorde de chuvas, mas sem registro de
óbitos ao longo de 2021
Para Sosthenes Macêdo, diretor-geral da Codesal, 2021 'foi um ano
desafiador'
A cidade de Salvador encerrou o
ano de 2021 sem registrar vítimas fatais nas comunidades localizados em áreas
de risco, segundo a Defesa Civil da capital baiana (Codesal).
O mês de dezembro bateu recordes nos acumulados de chuvas quando
comparado a períodos anteriores. Entre os dias 01 e 31, a estação pluviométrica
de Ondina, usada como referência, registrou acumulados de chuvas de 371,6mm,
superando seis vezes a Normal Climatológica do período, que é de 58,1 mm, sendo
o mais chuvoso dos últimos 32 anos, segundo dados do Centro de Monitoramento e
Alerta da Defesa Civil (Cemadec).
As Normais Climatológicas são médias de parâmetros
meteorológicos computadas em um período de 30 anos consecutivos, obedecendo a
critérios recomendados pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
No caso de Salvador, este padrão é determinado por medições
realizadas nos últimos 30 anos pelo pluviômetro de Ondina, então o único
existente na cidade.
Sobre precipitações, 2021 ocupou o posto de terceiro ano mais
chuvoso dos últimos 11 anos com 2.147,4mm de acumulados de chuvas, sendo
superado por 2011 (2.169,4mm) e 2020 (2.297,1mm).
Em função disso, entre 01 janeiro a 31 de dezembro de 2021, a
Codesal realizou 10.105 vistorias, sendo as mais demandadas orientação técnica
(2750), ameaça de desabamento (2187), ameaça de deslizamento (2113) e
deslizamento de terra (672).
De acordo com o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, 2021
"foi um ano desafiador, mas também exitoso nas operações da Defesa Civil
de Salvador. Tivemos muitas demandas de vistorias, mas com o trabalho
continuado e articulado com os demais órgãos e secretarias do SMPDC conseguimos
o sucesso de nossa missão que é o de salvar vidas".
Operação
Chuva
A Operação Chuva 2021, realizada anualmente entre março a junho,
período tradicionalmente o mais chuvoso em Salvador, se encerrou sem registro
de ocorrências graves.
Nos últimos oito anos já foram destinados mais de R$220 milhões,
pela Prefeitura de Salvador, para proteção de áreas de risco, além dos aportes
em tecnologia voltados à modernização da Codesal, que hoje conta com o moderno
Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), além pluviômetros,
estações hidrológicas e sistemas de alerta e alarme.
O acumulado de chuvas em Salvador entre março a junho foi de
614,4mm, 37,17% inferior à normal climatológica do período que é de 977,9mm,
segundo dados aferidos pela estação pluviométrica de Ondina, operada pelo
Inmet, e pelo o Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec). Em
2020, a mesma estação registrou 1.540,5 mm, cerca de 58% acima da normal
climatológica.
Entretanto, abril foi marcado por períodos de intensas chuvas
que ultrapassaram em quase o dobro a normal climatológica para o mês (295,7mm),
índice registrado na estação Base Naval de Aratu (533,2mm).
Atendimento
às comunidades
Ao longo do ano, foram feitos 2.400 cadastros de atendimento,
que são encaminhados para a Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à
Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para a análise dos pedidos de benefícios
eventuais, a exemplo de auxílio-moradia ou auxílio-emergência.
Programas
educativos
Para capacitar comunidades onde há maior risco, a Codesal tem
promovido programas educativos, como o de formação de Núcleos Comunitários de
Proteção e Defesa Civil (Nupdecs) e o Nupdec Mirim, que contemplam capacitação
em defesa civil e percepção de risco para demandas emergenciais, de modo que os
moradores saibam lidar com eventuais perigos decorrentes de fatores
climatológicos. Devido às restrições impostas pela pandemia, foram realizadas
10 Nupdecs ao longo de 2021.
Geomantas
Dentre as ações preventivas, está a aplicação de geomantas para
evitar deslizamentos de terra em áreas de risco. A cidade já conta com 212
proteções desse tipo, sendo que outras estão em execução. A tecnologia é um
eficaz sistema permeável, utilizada no revestimento de encostas e proteção do
solo contra intempéries em áreas sujeitas à erosão e consequentes deslizamentos.
Monitoramento
de risco
O acompanhamento de risco climático, realizado pelo Centro de
Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), está entre as inovações
tecnológicas que vêm sendo empregadas nas políticas de redução de desastres.
Há 71 pluviômetros automáticos em diferentes regiões da capital,
11 Sistemas de Alerta e Alarme em 10 áreas de risco, além de duas estações
meteorológicas instaladas no Parque da Cidade e Monte Serrat, quatro estações
hidrológicas no Retiro (Rio Camarajipe), Caminho das Árvores (Rio Camarajipe),
Boca do Rio (Rio das Pedras/ Pituaçu) e Piatã (Rio Jaguaribe).
Evacuação
de áreas
Em abril, o mais chuvoso da Operação Chuva 2021, foram acionadas
nove sirenes do Sistema de Alerta e Alarme em oito localidades. Em 09/04, foram
acionadas sirenes em cinco localidades: Castelo Branco/Moscou, Alto da
Terezinha/Mamede, Sete de Abril/Bosque Real, Calabetão e Bom Juá. Já no
dia 10/04, foram acionadas sirenes em três localidades: Lobato/Voluntários da
Pátria, Capelinha/Vila Picasso e São Caetano/Baixa do Cacau.
As sirenes integram o Sistema de Alerta e Alarme da Codesal, que
é acionado quando o acumulado de chuvas atinge 150mm em 72h, com o objetivo de
alertar os moradores e evacuar famílias em função do risco de deslizamento de
terra devido às fortes chuvas.
Naquele período, 155 pessoas foram evacuadas de suas casas e
conduzidas a abrigos instalados em nove escolas municipais das regiões
atingidas. Em dezembro, duas comunidades situadas em áreas de risco - Bosque
Real (Sete de Abril) e Moscou (Castelo Branco) tiveram as sirenes acionadas.