divulgação (Foto: Reprodução)
Professores da Faculdade Batista Brasileira acusam direção de não pagar
salários há 5 meses
Segundo docente, há trabalhadores da instituição passando fome, com luz
e internet cortadas
Após a paralisação dos professores da
Faculdade 2 de Julho por atraso no salário, docentes de uma
outra instituição de ensino superior em Salvador também têm se queixado de
descumprimento de direitos trabalhistas. Os funcionários da Faculdade Batista
Brasileira, no bairro do Itaigara, em Salvador, dizem que estão há cinco meses
sem receber salários, além de férias e 13º salários.
“Estamos em dezembro e todos os professores estão no quinto mês sem
nenhum salário, zero, absolutamente nada. Desde o ano passado, também estamos
sem décimo terceiro e férias. O FGTS não é depositado há praticamente dois
anos. Alguns professores também não têm o INSS depositado. É geral, com todos
os professores. Alguns gestores também, coordenadores e pessoas de secretarias,
desde o mês passado estão na mesma situação. Segundo o financeiro, as únicas
pessoas pagas são a alta hierarquia e o pessoal do apoio, que tem salários mais
baixos, e precisam deles”, revela um professor, que pediu para se manter em
anonimato, temendo represálias da instituição.
Segundo ele, a situação tem tornado a vida dos professores muito dura.
“É um caos total. Já tivemos vaquinha, tem professores passando fome, com luz e
internet cortadas, sem conseguir dar aula. E não existe nenhum suporte da
faculdade, sendo que estamos de forma remota, então estamos gastando recursos
do nosso próprio bolso para dar aulas na nossa casa e sustentar a faculdade,
sem receber absolutamente nada, nenhum apoio”, conta.
O docente relata que, há alguns meses, a presidente da faculdade, Andréa
Klaus, faz reuniões ora dizendo que vai fazer empréstimos para resolver os
atrasos, ora afirmando que pagar os professores não é uma prioridade. Nos
últimos dois meses, porém, a categoria diz não tido mais nenhum contato com a
gestão.
Após o “sumiço” da diretoria, os professores disseram que conseguiram
marcar uma reunião, na última segunda-feira (13), quando nada foi definido, e,
por isso, houve a necessidade de uma próxima, marcada para esta sexta-feira
(17). Acontece que o dia é justamente o que marca o encerramento do ano letivo,
momento em que os professores acreditam ser interessante para a instituição
adotar medidas drásticas.
“Muita gente está dizendo, internamente, que o planejamento é demitir os
professores em massa para não pagar ninguém no próximo ano, estão só aguardando
o fechamento de pauta (dia que acabam as provas), nesta sexta, dia 17. Marcaram
uma reunião justamente nesse dia”, disse o professor.
Questionado sobre se, diante dos problemas, a categoria pretende
decretar uma greve, como foi feito no 2 de Julho, o docente da FBB avaliou como
“difícil”, já que eles têm medo do que pode acontecer a partir disso. “Como a
gente não tem contato físico com os professores, é difícil organizar [uma
greve] dessa forma. Algumas pessoas já disseram que queriam levar para o
sindicato, mas a gente não consegue se organizar, as pessoas têm medo. Algumas
pessoas são contratadas como PJ, ou seja, sem direito nenhum. Estamos vivendo
um momento em que as instituições estão fechando, então embora não estejamos
recebendo nada, estamos com medo”, lamentou.
Há um mês e meio, o docente diz que a instituição teria passado um
recado à categoria, o que deixou os professores ainda mais receosos em adotar
qualquer tipo de ação. “Um professor se recusou a aplicar prova, sob protesto,
e foi desligado no dia seguinte, como forma de coibir adesão à ação. Então as
pessoas estão com muito receio, tem gente que só tem essa fonte de renda. É
muito difícil, as pessoas têm família, filhos. A situação está calamitosa”,
concluiu.
O Metro1 procurou diretamente a diretora Andréa Klaus,
que não atendeu às chamadas. A assessoria de imprensa da Faculdade Batista
Brasileira informou que daria uma resposta aos questionamentos da reportagem,
mas até o momento não emitiu nenhuma nota.