(Foto: Reprodução)
Terceirizada presta queixa após episódio de intolerância religiosa em
secretaria
Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso
Certa de que representa aqueles que, por medo, escolhem o silêncio
diante de assédio moral nos ambientes de trabalho, a funcionária terceirizada da Secretaria Municipal de Gestão
(Semge), iyawo Silvana Silva da Paixão, 41 anos, registrou um
boletim de ocorrência na 1ª Delegacia (Barris), nesta quinta-feira (25).
Ao Metro1, ela reforça a importância do ato e diz que não há
outro nome para o que sofreu, senão intolerância religiosa.
"Fui vítima desse absurdo, sim, e espero representar as
pessoas que não têm coragem de falar por medo de perder o emprego. O delegado
me ouviu, foi atencioso comigo, entende o que aconteceu. Me sinto segura, não
vou parar", conta ela, que estava acompanhada da mãe de
santo Rosângela Ferreira e do presidente da Associação Internacional das
Mulheres Afroameríndias e Caribenhas (AFA), Leonel Monteiro.
A medida ocorre, segundo ele, depois que o gabinete da Semge respondeu à
denúncia de Silvana de um jeito "raso". "Ela ouviu coisas como
'Você está parecendo bicho, comendo de colher', e 'Já está na hora de
tirar esse branco'", diz Leonel, ao acrescentar que a iyawo já foi
anunciada no ambiente de trabalho como "a macumbeira".
Por meio de nota, a Polícia Civil afirmou que, na unidade policial, a
terceirizada da prefeitura relatou racismo religioso. "A vítima relatou os
assédios que vem sofrendo de um funcionário da instituição", diz a
prefeitura, que confirma a abertura de um inquérito para a apuração do caso.
Silvana comenta que só trouxe o caso ao conhecimento público, na
terça-feira (23), depois que cansou da série de humilhações às quais foi
submetida por pessoas em cargos superiores, incluindo o coordenador de um dos
departamentos. Da roupa ao jeito de comer, nada escapou, segundo ela, aos olhos
preconceituosos. Ela é recém iniciada no candomblé e, por isso, tem por hábito
o uso de trajes brancos enquanto cumpre o período de resguardo.
Na terça-feira, a Semge informou que “os fatos já estão sendo apurados,
com a colaboração da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), para adoção de
medidas cabíveis". No mesmo comunicado, a pasta diz que "repudia atos
de discriminação de qualquer natureza e vai agir no sentido de combater esse
tipo de situação, garantindo o respeito no ambiente de trabalho e na prestação
de serviços à população”.