divulgação (Foto: Foto: Reprodução)
Contra
derrubada de portão de quase meio século, condomínio briga na Justiça com
prefeitura de Lauro de Freitas
Ao menos 60 famílias tentam
impedir município de abrir empreendimento, inaugurado em 1974
Localizado na Estrada do Coco, em Lauro de Freitas, o Condomínio Beira
Rio existe há 47 anos e foi construído após a derrubada de uma fazenda.
Loteamento Recreio do Ipitanga, como era conhecido, se estabeleceu com a
estrutura de um condomínio: residências, áreas comuns e uma
portaria – agora ameaçada pela prefeitura, sob a justificativa de
que as ruas do portão para dentro são de domínio público e, portanto, não podem
ser restritas aos condôminos.
Síndico do residencial e morador há dez anos, o médico Vinícius
Majdalani, 39 anos, conta ao Metro1 que a prefeitura deu
o prazo máximo de três dias, a partir da última quarta-feira (29), para que o
portão vá abaixo.
As 60 famílias que residem no local, afirma o médico, brigam na Justiça
para que a determinação seja barrada, pois, segundo ele, as ruas do condomínio
foram certificadamente cedidas, em 1974, pelo então prefeito Ismael Ornelas
Farias, a partir de um desmembramento de quadras.
No último dia 16 de agosto, o juiz Hosser Michelangelo determinou que
houvesse uma audiência de conciliação entre as partes e solicitou uma resposta
à gestão municipal. Mas não houve retorno, afirma o síndico, ao denunciar que
os moradores chegaram a ser ameaçados por servidores municipais. A Vara da
Fazenda Pública concedeu uma liminar que autoriza o condomínio a controlar o
acesso de veículos. Junto aos vizinhos, ele organiza um motim para impedir a
derrubada da portaria por parte da Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Urbano (Sedur).
Procurada, a prefeitura de Lauro de Freitas não retornou o contato até a
publicação deste texto.
Vinícius Majdalani conta que nunca antes houve qualquer manifestação por
parte da administração pública da ilegalidade da qual acusam o residencial. “Se
as vias internas sempre foram (supostamente) públicas, então porque só agora a
Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas resolveu adotar qualquer medida?”,
questiona. Ele comenta que a discussão voltou à tona após a construção de um
empreendimento em construção, na Rua H do Loteamento Recreio do Ipitanga.
Irregularidades
“É uma obra que tem irregularidades encobertas pela prefeitura, diferente de
nós, que estamos provando por meio de documentos que o nosso empreendimento é
privado. A prefeitura quer abrir nosso condomínio o outro
[residencial] tenha acesso também por lá”, diz ele. O empreendimento em
questão reúne 24 apartamentos e, junto ao Beira Rio, está localizado na Rua
Mário Fontes, em frente ao Parque Shopping.
Para eles, a obra deveria estar embargada por motivos que vão desde o
esgotamento subdimensionado, fachada contrária ao alvará de construção
[autorizado apenas para a Rua Luiz A Nogueira], e até desmatamando ilegal de
parte do terreno.
O dono do local, ainda segundo os condôminos do Beira Rio, é ligado a
políticos. A reportagem não conseguiu confirmar a informação. Os moradores
afirmam que a prefeitura tem facilitado as instalações do empreendimento porque
o projeto “esconde algo maior”.
Ao Metro1, o síndico diz ainda que, para que isso aconteça,
a prefeitura tenta “desvalorizar o condomínio”, a fim de que os moradores
possam considerar a possibilidade de vender suas propriedades por valores
abaixo do mercado e, então, sejam adquiridos para outros fins.