Divulgação (Foto: Arquivo pessoal)
Morte súbita
relacionada a prática de exercícios: quando devemos ter cuidado?
"Isso não deve afastar as pessoas da importância de
praticar atividade física", explicou o cardiologista Nivaldo Filgueiras
morte súbita, caracterizada como um fenômeno inesperado,
com a perda abrupta da consciência e com a parada cardíaca, costuma chamar a
atenção das pessoas com a repercussão de algum novo caso.
Nos últimos anos, diversos episódios envolvendo atletas ganharam
a grande mídia, deixando a sociedade em alerta. Outro fator preocupante é a
incidência de morte súbita em testes de aptidão. Mas em que nível a associação
entre a prática de atividades físicas e a ocorrência de mal súbitos deve ser
feita? As academias e clubes de esporte têm se atentado ao histórico de saúde
dos seus clientes? E quanto ao uso desenfreado de estimulantes ou
anabolizantes, quais riscos eles trazem?
Para tratar desses pontos e de outras questões relacionadas a
morte súbita, o podcast do Portal M! recebeu
o doutor Nivaldo Filgueiras, chefe da Cardiologia e de Medicina Intensiva
Adulto do Hospital Mater Dei Salvador, membro do Conselho Consultivo da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, vice-presidente da Associação Bahiana de
Medicina e professor de Medicina da Universidade do Estado da Bahia (Uneb),
Unifacs e Zarns. Filgueiras é mestre em Medicina Interna e doutor em
Cardiologia.
Segundo o especialista, é necessário que indivíduos que têm
quadros específicos de problemas de saúde, como um risco cardiovascular
aumentado, por exemplo, tomem uma série de cuidados na realização de atividades
físicas, que devem ser orientadas e supervisionadas. A questão, como destacou o
cardiologista, é as academias pecam em não realizarem uma avaliação de rotina
nos seus clientes.
Diversos estudos têm sido realizados sobre a chamada Morte
Súbita Relacionada ao Exercício e ao Esporte (MSEE), fenômeno que acontece
inesperadamente, durante o treino ou depois de seis a 24 horas em que ele foi
realizado. A Revista Britânica de Medicina do Esporte publicou um estudo,
realizado a partir da coleta de dados em 67 países, que aponta dados
alarmantes: apenas entre 2014 e 2018, houve ao menos 617 casos entre jogadores
de futebol de 16 a 34 anos.
Os casos chamam a atenção por se tratarem de atletas, um grupo
de indivíduos em que se acredita, de um modo geral, haver uma atenção especial
à saúde. Para o doutor Nivaldo Filgueiras, para que o mal súbito durante a
prática de exercícios seja evitado, se faz necessária a realização anual de um
check-up, para que sejam feitos exames físicos e um eletrocardiograma e, a
partir deles, avaliar se há necessidade de uma investigação complementar, mais
minuciosa.
"Existe realmente algum risco inerente a esse processo, mas
isso não deve afastar as pessoas da importância de praticar atividade física, e
a Sociedade Brasileira de Cardiologia orienta pelo menos 150 minutos de
atividade física por semana, ou seja, 30 minutos de atividade cinco vezes por semana
é o mínimo que nós recomendamos para proteger o coração", enfatizou o
especialista ao podcast do Portal M!.
Uso de
drogas ilícitas e anabolizantes
Dentre os fatores que impulsionam o desenvolvimento de doenças
no coração, o cardiologista Nivaldo Filgueiras destacou o uso de drogas
ilícitas e anabolizantes. Segundo o médico, o uso de cocaína, por exemplo, pode
gerar um vaso espasmo na artéria coronariana, o que pode desencadear um
infarto.
Sobre os anabolizantes, Filgueiras explicou que a prática é negativa
em diversos aspectos relacionados à saúde. "Não só do ponto de vista de
risco cardiovascular. Os anabolizantes podem gerar fenômenos relacionados ao
prejuízo do fígado, fazendo com que esses indivíduos desenvolvam doenças
hepáticas graves, inclusive com evolução para doenças crônicas e terminais a
nível hepático".
Sintomas
de alerta
Os principais sintomas da morte súbita são dor no peito,
palpitações, falta de ar e desmaio. Diante do surgimento de algum desses
indicativos, Nivaldo Filgueiras indica a busca imediata de um serviço de pronto
atendimento.
"Se você estiver dentro do hospital na hora que desenvolver
uma parada, você tem uma chance muito maior de sobreviver, porque o atendimento
é feito de forma imediata, através das medidas de restauração cardiopulmonares
e com a utilização de um desfibrilador, que é quando a gente dá um choque
elétrico para que o nosso coração volte a bater de forma adequada. Daí a
importância de ficar atento aos sinais de alerta", reforçou.
Ouça o podcast na íntegra: