divulgação (Foto: Washington Costa/MPO)
Despesa crescerá 1,7% acima da
inflação no primeiro ano do arcabouço
Expansão fica abaixo do teto de 2,5% instituído pela nova
regra
O
Projeto de Lei do Orçamento de 2024, enviado ao Congresso Nacional, prevê que
no primeiro ano do novo arcabouço fiscal as despesas do Governo Federal
crescerão 1,7% acima da inflação. A expansão está abaixo do teto de 2,5% de
crescimento real (acima da inflação) definido pela nova regra fiscal.
Conforme
apuração da Agência Brasil, o novo arcabouço fiscal permite que as despesas
cresçam acima da inflação, dentro de uma banda entre 0,6% e 2,5%. O percentual
de crescimento real (acima da inflação) está atrelado às receitas.
Isso
porque o novo marco fiscal estabelece que os gastos aumentem até 70% da alta
real das receitas nos 12 meses terminados em junho do ano anterior ao do
Orçamento. Para 2024, o período de cálculo da inflação valerá entre julho de
2022 e junho de 2023.
Como o
projeto do Orçamento prevê crescimento de 2,43% das receitas em 2024 acima da
inflação no próximo ano, o aumento real das despesas, ao aplicar o percentual
de 70% do crescimento das receitas, ficará em 1,7%.
Em
valores absolutos, o governo terá uma expansão de R$ 128,93 bilhões em novas
despesas. Desse total, R$ 32,42 bilhões estão condicionados à aprovação pelo
Congresso de um crédito suplementar em 2024 para incorporar ao Orçamento a alta
da inflação prevista para o segundo semestre deste ano.
A maior
parte dos R$ 128,93 bilhões se destinará a gastos obrigatórios, como a correção
dos pisos para a saúde e a educação, pagamento das aposentadorias e pensões,
programas sociais e o novo limite mínimo para investimentos de 0,6% do Produto
Interno Bruto (PIB) instituído pelo novo arcabouço fiscal.
Brecha
Apesar
do limite de 1,7%, o arcabouço tem uma brecha que pode permitir um crescimento
maior dos gastos no primeiro ano de vigência da nova regra. O mecanismo tem
como objetivo incorporar a retomada dos pisos de 15% da receita corrente
líquida (RCL) para gastos com a saúde e de 18% da receita líquida de impostos
(RLI) para educação.
Pela
brecha, caso a arrecadação cresça mais que os 2,43% já estimados, a equipe
econômica poderá incorporar a diferença ao limite de crescimento das despesas.
Dessa forma, os gastos poderão se expandir em 2,5% no próximo ano.
Déficit zero
O novo
arcabouço fiscal prevê resultado primário zero (nem déficit, nem superávit) em
2024, com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual, podendo variar
entre 0,25 de déficit e 0,25 de superávit em 2024. O resultado primário
representa o déficit ou superávit nas contas do governo sem os juros da dívida
pública.
Para
cumprir essa meta, o governo precisará de R$ 168 bilhões no próximo ano. Em
entrevista coletiva nesta tarde, em Brasília, a ministra do Planejamento,
Simone Tebet, esclareceu que esse valor se refere à receita bruta. Ao descontar
os repasses obrigatórios aos estados e aos municípios, a necessidade de
receitas cai para algo próximo de R$ 129 bilhões, o mesmo valor da expansão das
despesas.
Apesar
de dizer que o cumprimento da meta é possível, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, admitiu, na mesma entrevista coletiva, que o cenário fiscal para o
próximo ano é desafiador. Ele, no entanto, assegurou que a equipe econômica
está comprometida em medidas que revertam a erosão fiscal (perda de receitas)
em vigor desde 2014 e permitam o déficit zero.
"Nós
não estamos negando o desafio. Não estamos negando a dificuldade. O que nós
estamos afirmando é o nosso compromisso da área econômica em obter o melhor
resultado possível, obviamente, que levando em consideração a opinião do
Congresso Nacional, que é quem dá a última palavra sobre esse tema",
argumentou Haddad.