Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025

Brasil

Publicada em 27/07/23 às 11:09h - 18 visualizações
Mergulhada no descaso: Orla de Salvador vive abandono após derrubada de barracas e afeta banhistas e comerciantes
https://www.radiombfm.com.br/noticias/jornal-da-metropole/139151,mergulhada-no-descaso-orla-de-salvador-vive-abandono-apos-derrubada-de-barracas-e-afeta-banhistas-e-comerciantes

Metro1

divulgação  (Foto: Reprodução)

Mergulhada no descaso: Orla de Salvador vive abandono após derrubada de barracas e afeta banhistas e comerciantes

Demolição de barracas de praia e série de equívocos das gestões municipais condenaram o lazer mais democrático da cidade e a fonte de renda de milhares de comerciantes

 

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 27 de julho de 2023

Não é conversa saudosista. Patamares, Itapuã, Pituaçu, Jaguaribe e tantas outras não são mais como antes. Perdoem-nos pelo pobre trocadilho, mas há 13 anos as paisagens das praias de Salvador vivem um eterno inverno. E não é só para quem costumava frequentar as barracas que se distribuíam pelos 64 km de areia do litoral soteropolitano ou para quem sobrevivia disso. A perda foi geral. A demolição das barracas de praia e a inexistência de um projeto que as substituíssem significaram a morte do lazer mais democrático da cidade e o apagamento de um dos atributos mais cobiçados de Salvador: o mar paradisíaco de águas mornas.

A baixa temporada, que parece não ter fim, começa com uma decisão da Justiça Federal em 2007 e vai ganhando fôlego ao longo de uma série de trapalhadas, equívocos e principalmente descaso da gestão municipal. Desde então, entra verão, sai verão, vai João Henrique, vem ACM Neto, chega Bruno Reis, e a orla de Salvador continua entregue.

Mar de prejuízos
Os soteropolitanos mais atentos devem lembrar desse dia. Era uma segunda-feira, 23 de agosto de 2010. A cena não ficava muito atrás de um cenário de guerra. De um lado, funcionários da prefeitura se aglomeravam junto a seus tratores e a policiais federais e militares. Do outro, donos de barracas e famílias que sobreviviam delas montavam barricadas, protestavam, gritavam e resistiam. Teve até quem prometesse greve de fome ou dissesse que preferia incendiar o equipamento do que vê-lo indo ao chão. Mas acabaram vendo. Ao todo, 447 barracas foram demolidas naquele ano. Só na orla de Patamares, foram 3 mil trabalhadores que ficaram, da noite para o dia, sem emprego. Entre os os donos de barracas, o prejuízo chegou a R$1 milhão.  

A derrubada cumpria uma determinação do juiz Carlos D’Ávila, da 13ª Vara da Justiça Federal. De acordo com ele, os equipamentos ocupavam indevidamente uma área da União e ofereciam risco ambiental. Na sua decisão, o magistrado destacava ainda que a orla de Salvador está “favelizada, imunda, entupida de armações em alvenaria”, tudo isso sob “desastrosa permissão de uso” da prefeitura.




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