
divulgação (Foto: Reprodução)
Representatividade,
força e ancestralidade: Festejo do 2 de Julho chega aos 200 anos vivo entre os
baianos
A identidade simbolizada pelos festejos liga o povo há dois séculos e
mantém a data mais viva a cada ano
O amanhecer deste domingo não é comum. Há 200 anos, no dia 2 de
julho de 1823, os baianos sentiam o gosto da vitória de uma guerra que durou
mais de um ano. A luta pela liberdade se concretizava e até o sol, como diz o
hino, brilhava de um jeito diferente.
Apesar de bicentenária, a celebração da Independência do Brasil
na Bahia nunca esteve tão latente no coração e no corpo social de um povo que a
festeja de maneiras únicas. Mas o que explica a longevidade de uma festa
popular, que mesmo depois de tanto tempo segue viva?
Para o historiador Rafael Dantas, curador da exposição
“Bicentenário da Independência da Bahia: Iconografia e História”, a
justificativa é encontrada na representatividade que o período carrega.
Diferentemente da saudação aos militares carregada pelo 7 de Setembro -
apresentada para o resto do país como o Dia da Independência - o 2 de Julho
clama pela participação popular de um povo que se enxerga em cada canto do
cortejo.
“Não é somente a data mais representativa do Brasil, como a mais
sentida pelas pessoas e pelos habitantes. É a reunião de tudo. O religioso, o
político, o cívico. A gente se vê no 2 de Julho”, disse Rafael em entrevista ao Metro1.
Quando cada parte que compõe a população baiana, principalmente
aquelas que são historicamente excluídas do processo de garantia dos direitos,
como os negros, indígenas e mulheres, passam não somente a se enxergar nos
festejos, mas entender que o que lhes cabe é o protagonismo de uma das lutas
mais importantes do país, a festa se torna imortal. Em um aglomerado de
ancestralidade, a identidade toma conta do festejo.
"A festa sempre mostra as múltiplas faces da Bahia. Essa
energia, sem dúvida nenhuma, é uma interpretação pessoal que uma data coletiva
tem e quando esse evento foge do coletivo para também tocar no pessoal, é algo
que se torna eternamente memorável", declarou o historiador.
Passado
e presente conectados
A resistência necessária na história dos baianos é sem sombra de
dúvidas o maior conectivo nesses 200 anos. O estado que outrora foi palco das
maiores decisões do Brasil, hoje enfrenta o esquecimento que perpassa toda a
região Nordeste e que levou a uma série de crises nos mais diversos aspectos,
inclusive no ponto de vista social.
Falamos então da bravura atemporal da nação baiana, que compõe
os tantos pedaços de "Brasis", mas que sempre que preciso segue
lutando pela sua liberdade, tornando o ideal do Hino do 2 de Julho eterno:
"Nunca mais o despotismo regerá nossas ações".
"O 2 de Julho é sempre novo porque as pautas não estão
somente no passado. Elas focam também nessa ideia de presente e nas
reivindicações de cada momento, principalmente porque os políticos fazem parte.
O Nordeste é visto pela força que se mantém e que sempre dá um basta nos
tiranos", finalizou Rafael Dantas.