divulgação (Foto: Reprodução)
Bicentenário da Independência: Confira 10 momentos
históricos do 2 de Julho na Bahia
Uma das únicas festas cívicas do mundo que não tem apenas participação
militar, festejo 2 de Julho completa 200 anos neste domingo
Uma das únicas festas cívicas do mundo que não tem apenas
participação militar, o 2 de Julho, data que representa a Independência do
Brasil na Bahia, comemora neste domingo (2) seu bicentenário.
Há 200 anos, os brasileiros expulsaram os portugueses do país.
Nesse meio tempo, as comemorações conquistaram almas e corações dos baianos com
as fachadas enfeitadas e os desfiles pelas ruas históricas que presenciaram
passagens de figuras como Maria Quitéria, Joana Angélica e General Labatut.
Confira
10 momentos marcantes da data:
1º -
Participação feminina na expulsão dos portugueses
Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa foram ícones
importantes na Independência. Enquanto Quitéria lutou, vestida com as fardas de
seu cunhado, para ajudar o exército baiano, a abadessa Joana Angélica se
destacou por ser mártir ao enfrentar tropas portuguesas dispostas a invadir o
Convento da Lapa. Já Maria Felipa comandou, na luta, cerca de 40 mulheres que
queimaram 42 embarcações inimigas em Itaparica.
2° -
Festejos têm início na Ilha de Itaparica em 1824, meses após a expulsão dos
portugueses da Bahia
Os primeiros festejos do 2 de Julho começaram na Ilha de
Itaparica, em 1824, sem participação popular. Seis meses depois, a festa teve
sua primeira celebração em Salvador, com desfile de tropas e vivas ao imperador
na passagem do cortejo e no palanque. A figura do caboclo também já estava
presente, apesar da imagem usada hoje ter sido esculpida apenas em 1826. O
caboclo representa os heróis populares da guerra, como os soldados, índios,
negros, sertanejos e a população voluntária que se organizou por conta própria.
3º - Início
da participação popular no 2 de Julho
A participação popular ativa no evento começou oficialmente em
1828, de acordo com o pesquisador Nelson Cadena. Antes disso, a celebração se
restringia à decoração das casas de quem morava no percurso do desfile.
Em entrevista à Rádio Metropole,
o jornalista e pesquisador disse que o povo só passou a participar com os
batalhões patrióticos. "Era quando os civis imitavam os batalhões da
guerra da Independência, e começou com a imprensa. Depois foram surgindo mais batalhões,
dos caixeiros, dos artistas. É quando o povo se incorpora, e surgem os
cucumbis, afrodescendentes vestidos de índios".
4º -
Desfiles viram palco de manifestações políticas na década de 1910
Hoje considerado um termômetro de popularidade de figuras
políticas, o 2 de Julho começou a ver suas primeiras manifestações políticas
ainda na década de 1910. Na época, existia intensa disputa política entre o
senador Ruy Barbosa e J.J Seabra, ministro da Viação e Obras Públicas, apoiado
pelo então presidente Marechal Hermes da Fonseca.
Em 1910, Ruy Barbosa concorreu à Presidência em oposição ao
gaúcho Hermes da Fonseca, o candidato governista, e perdeu. A época foi marcada
como o fim da era em que a Bahia era dominada por Ruy.
5º -
Início da tradição das fachadas enfeitadas nas décadas de 1930 e 1940
Uma das maiores tradições do festejo, as fachadas enfeitadas
tomam o Corredor da Lapinha, que liga o Largo da Soledade ao Largo da Lapinha,
no dia 2 de julho. O costume começou por volta das décadas de 1930 e 1940,
motivado por um concurso que premiava as melhores decorações. Em 2009, houve
uma pausa no concurso, mas, mesmo assim, os moradores do trajeto continuaram a
enfeitar suas casas. A competição retorna oficialmente este ano, após o hiato.
6º -
Desfiles viram palco de protesto durante a Ditadura Militar
Durante o período da Ditadura Militar, não teria como ser
diferente: o desfile era espaço de protestos, que pediam eleições diretas e
anistia. Os manifestantes eram reprimidos no percurso, mas a tradição continua
até hoje e protestos políticos ainda são comuns durante os festejos.
7º -
Comemoração do 2 de Julho passou a ser considerada bem imaterial do estado em
2006
O ano de 2006 foi quando o cortejo do 2 de Julho foi registrado
no Conselho Estadual de Cultura como Patrimônio Imaterial da Bahia, por
representar a identidade cultural do estado. Os bens culturais de natureza
imaterial são as práticas e domínios da vida social que se manifestam em
saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações.
8º - 2
de Julho vira palco de protestos em 2018
Em um dos mais rápidos cortejos da história, o 2 de Julho de
2018 se iniciou uma hora antes do horário tradicional, por causa do jogo da
Seleção Brasileira na Copa do Mundo, e se encerrou antes do previsto, às 9h30.
A expectativa era de que terminasse por volta das 10h30.
No trajeto, populares protestaram contra o BRT e contra o
assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Aliados do ex-presidente
Lula (PT) também criticaram a prisão do petista, com placas, cartazes e camisas
pedindo “Lula Livre”. Na oportunidade, a Guarda Municipal chegou a lançar gás
de pimenta para conter os ânimos e a comitiva do prefeito ACM Neto (DEM) foi
atingida. Alguns aliados chegaram a passar mal.
9º -
Pela primeira vez na história, desfiles são suspensos por conta da pandemia
Em 200 anos, as comemorações da Independência na Bahia só foram
suspensas por conta da pandemia do coronavírus. Durante dois anos, não houve
fogo simbólico saindo de Cachoeira, nem ruas enfeitadas no Centro Histórico,
nem manifestações populares nas cidades. Os festejos foram retomados no ano
passado, com multidão intensa.
10º -
Desfile recebe 4 candidatos à presidência em 2022, na volta após 2 anos
Também
no ano passado, pela primeira vez na história, os festejos do 2 de Julho
receberam a presença dos quatro candidatos à Presidência da República melhor
posicionados nas pesquisas eleitorais. Às vésperas da pré-campanha, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB)
desembarcaram ao mesmo tempo em Salvador, gerando alvoroço entre os baianos.
Além disso, os candidatos ao governo ACM Neto (União) e Jerônimo Rodrigues (PT)
também estiveram presentes.