divulgação (Foto: Acervo Pessoal)
Titular da SPMJ defende mais espaço para as mães no mercado de trabalho
Fernanda Lordelo contou que ainda busca o
"caminho" para conciliar a maternidade e a carreira profissional
Em meio à celebração do Dia das Mães, a titular da Secretaria de
Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), Fernanda Lordelo,
defendeu a necessidade de adoção de medidas que garantam mais espaços às mães
no mercado de trabalho. Para ela, discutir ações como licenças parentais
estendidas e políticas de flexibilização de horários são determinantes para
melhor acolher esse público.
"É fundamental que as empresas e organizações tenham programas que
reconheçam e acolham profissionais com filhos, que identifiquem isso como algo
valorativo. As empresas tem a responsabilidade e o dever de impactar
positivamente a comunidade em que estão inseridos, isso valendo para os
direitos dos seus colaboradores a outras questões. É uma pauta extremamente
relevante", destacou em entrevista ao Portal M!.
Além da discussão em torno das licenças parentais estendidas e das
políticas de flexibilização de horários, Lordelo defendeu a importância de as
empresas promoverem a cultura da valorização familiar.
"Discutir licenças parentais estendidas, políticas de flexibilidade
de horário, verificar a realidade de cada empresa, mas sempre trazendo a
cultura da valorização familiar. É importante construir um ambiente saudável e
diverso, um ambiente acolhedor, sabendo que a família não é um impeditivo de
produtividade e eficiência, nem para homens e nem para a mulheres",
ressaltou.
A titular da SPMJ também afirmou que enxerga o cenário de dificuldades
enfrentados por mulheres que são mães no mercado de trabalho com muita
"tristeza, indignação e preocupação".
"Esse cenário é real. Muitas organizações compreendem que uma
mulher que possui filhos ou que planeja ter filhos, será ou é, um problema para
a produtividade e eficiência da organização. Isso não é verdade, e precisa ser
desconstruído. E ser mulher em nossa sociedade, especialmente no mercado de
trabalho, é uma luta diária e constante. Até porque, a todo instante, nós
precisamos estar provando que temos capacidade e aptidão para desenvolver
qualquer coisa", afirmou.
Maternidade
O cenário geral de dificuldades também foi enfrentado por Fernanda
Lordelo. Ela, que é mãe de Tiago Lordelo, de 13 anos e chamado carinhosamente
de "Titi", contou que até hoje busca o "caminho" para conciliar
a maternidade com a sua carreira profissional.
"Até hoje busco esse caminho. Hoje meu filho tem 13 anos, claro que
a fase do puerpério foi a mais delicada. Eu tive o meu marido muito presente, e
é importante sinalizar que o pai, ele não ajuda, ele é participe do processo, e
dentro desse aspecto eu tive e tenho, um pai muito presente na vida do meu
filho", destacou.
Já com relação às dificuldades, Lordelo listou a falta de entendimento
da sociedade de que uma mãe precisa trabalhar e deixar seus filhos aos cuidados
de uma terceira pessoas, além da dificuldade de compreensão de que o materno
não é ser uma "super mulher", mas sim, buscar o melhor para seu filho
e família.
"De modo geral, as pessoas não compreendem uma mãe que, muito cedo
precisa sair para trabalhar e deixar seus filhos aos cuidados de terceiros, e
uma das maiores dificuldades que encontrei foi, efetivamente, essa compreensão
de que o materno não é uma 'super mulher', mas é uma mulher que quer garantir o
melhor para seu filho e família, e que por vezes, precisa também estar fora do
lar, para alcançar isso. E isso não é falta de amor, também é zelo,
cuidado", pontuou.
Fernanda falou ainda sobre como a maternidade foi transformadora para
ela. "Diminui bastante a minha impulsividade, me fez observar a
necessidade de construção de um futuro mais promissor e mais igual e acolhedor
para o meu filho. E, claro, a própria criança dentro desse processo, vai
gerando transformações e questionamentos diários em você, te exigindo ser cada
dia melhor".
Além de titular da SPMJ, Fernanda Lordelo também é advogada e Docente
com mestrado. Em sua trajetória profissional, ela acumula larga experiência em
cargos de gestão nas áreas acadêmicas e organizacionais, além de ser consultora
em projetos sociais e educacionais, e atuante em causas comunitárias e sociais.
Ações voltadas às mães de Salvador
Por fim, a titular da SPMJ também destacou as ações de atenção às mães
na capital baiana. Lordelo citou o programa Mãe Salvador, que já cadastrou mais
de 32 mil gestantes, e oferece uma ampliação e qualificação das ações de
assistências às gestantes, inclusive nas Unidades de Atenção Básica de
Salvador.
"O objetivo desse programa é ampliar e qualificar as ações de
assistências às gestantes, e esse programa possui uma participação mais efetiva
da Secretaria de Saúde [SMS], da Secretaria de Mobilidade [Semob], da
Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer [Sempre], e a
SPMJ integra com a formação nos bairros, no dialogo com essas mulheres, na
sinalização desse programa quando fazemos outras ações nas comunidades,
inclusive na sinalização das violências", explicou.
Ainda segundo a secretária, uma das iniciativas boas desse programa, é
que ele envolve a capacitação precoce da gestante, ou seja, há o desejo de
integrar essa mãe até as 12 semanas de gestação. Segundo Lordelo, dessa forma é
possível garante uma assistência desde o pré-natal, no parto e no puerpério.
"A proposta é que essa mulher tenha assistência pré-natal, parto e
puerpério, e a facilitação da ida dessa gestante aos cuidados é exatamente por
meio do transporte público, onde há um cadastro junto à Semob e a SMS, e
durante todo esse processo, tendo inclusive o cuidado com o teste do pezinho,
que é tão importante para a identificação de doenças. Além desse benefício da
gratuidade do transporte e do acompanhamento, ela recebe um kit enxoval básico,
que são fornecidas às gestantes do programa Bolsa Família, que fizeram no
mínimo, sete consultas nesse programa", listou.
Lordelo também lembrou ainda, que haverá a implantação do primeira
Hospital Materno Infantil em Salvador, e ressaltou que seguem as ações de diálogo
e escuta à comunidade, "buscando outras formas de apoio às gestantes
soteropolitanas".
Além do Mãe Salvador, Lordelo também destacou os programas voltados às
mães solo, que encaram um cenário de dificuldade ainda mais elevada.
"Temos programas de capacitação e formação dessas mulheres mães solo em
situação de vulnerabilidade, que ocorre de forma integrada com a SPMJ,
Secretaria de Desenvolvimento, Emprego e Renda [Semdec] e demais órgãos. É
importante destacar que para mulheres mães solo e vítimas de violência,
oferecemos o acompanhamento psicossocial nos Centros de Referência de Atenção à
Mulher e nós buscamos priorizar essas mulheres que estão tentando retomar a sua
vida financeira", observou.
Ela também citou o programa Marias na Construção. "Ele oportuniza
cursos gratuitos, diversos programas em parceria com o Senai para capacitação
de mulheres e mães, projetos de incentivo ao empreendedorismo feminino e a
Caravana da Mulher que oferta serviços importantes para o público",
concluiu.