divulgação (Foto: Reprodução/José Cruz/Agência Brasil)
Coordenador nacional do MST afirma que movimento
não aceitará "coleira ou focinheira" do governo Lula
João Paulo Rodrigues também afirmou que considera a CPI como uma espécie
de "perseguição política"
Após a leitura do requerimento para a criação da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), o coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, se pronunciou
a respeito do assunto em entrevista concedida à Folha de S.Paulo, divulgada
nesta quinta-feira (27).
Ao comentar sobre a mobilização interna que ocorre na Câmara dos
Deputados para que a instalação da CPI contra o MST seja realizada, Rodrigues
afirmou que, caso aprovada, a comissão será “uma perseguição política”.
“Essa CPI [na Câmara] é preventiva sobre o futuro. Não é sobre o
passado porque não há fato que a justifique. Nossas ações estão dentro do marco
da democracia. Se o Congresso reafirmar essa CPI, será uma perseguição
política. Nós vamos judicializar junto ao Supremo Tribunal Federal porque ela é
inconstitucional”, declarou.
Questionado se há algum tipo de frustração com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e se o movimento entende quem o mandatário possui uma
"dívida" com ele, já que o MST permaneceu ao lado do petista durante
a campanha eleitoral e a Operação Lava Jato, Rodrigues negou
veementemente.
O coordenador nacional também fez questão de registrar que
apesar do bom relacionamento, “nenhum tipo de coleira ou focinheira sobre a
organização” por parte do governo Lula será aceita.
“De
forma alguma. Lula não tem nenhuma dívida com MST e nem o MST tem nenhuma
dívida com Lula. Vamos defender o governo Lula em todos os momentos, não somos
vacilões sobre esse aspecto. O governo é nosso, nós ajudamos a construir. Mas o
MST tem autonomia em relação ao PT e ao governo. Nós não somos correia de
transmissão [do governo] e não aceitamos nenhum tipo de coleira ou focinheira
sobre a organização do MST”, concluiu.