divulgação (Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO)
Rui Costa assume Casa Civil e diz que obras inacabadas foram apagadas de
sistemas
Ministro afirmou que há casas prontas desde o
governo Dilma Rousseff que jamais foram habitadas
O novo ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta
segunda-feira (2), que o governo Jair Bolsonaro apagou obras não concluídas dos
sistemas federais de monitoramento e controle. Costa disse que nem os próprios
ministérios souberam informar ao gabinete de transição quantas obras paralisadas
existem nas próprias pastas e que os números oficiais são divergentes.
"Isso é a demonstração do caos que estamos recebendo",
afirmou o ministro, em discurso de posse no Palácio do Planalto. "Obras
foram deletadas dos arquivos como se concluídas estivessem. Aquela creche que
está com 70% de conclusão apaga do sistema e o problema passa a ser do
prefeito. Não, é problema nosso e vamos resolver logo no início."
Rui Costa também afirmou que há casas prontas do Minha Casa
Minha Vida desde o governo Dilma Rousseff e que jamais foram habitadas. O
ministro prometeu solucionar a questão e disse que ainda no primeiro semestre
todas as casas já construídas serão entregues a novos moradores que estão na
fila do programa.
Disse ainda que a prioridade dele será destravar as conclusões
de obras com recursos federais. Segundo reiterou o ministro, esse é um pedido
direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao cumprimentar ministros do Tribunal de Contas da União e de
cortes superiores, pediu cooperação e falou em diálogo para dar andamento às
intervenções federais.
"Vamos buscar muito diálogo para destravar ações e obras
judicializadas para o Brasil gerar emprego e renda para as pessoas", disse
o ministro.
Costa também pregou parcerias internacionais com embaixadas de
países representados em Brasília e disse que há expectativa internacional em
relação ao presidente Lula e ao Brasil.
"O mundo inteiro tem grande expectativa do Brasil, do
presidente Lula, de retomada do Brasil como ator e como sujeito de um planeta
melhor, ambientalmente sustentável. O Brasil é muito relevante nesse debate.
Assim como sempre foi muito relevante como palavra pacificadora, de buscar a
solução dos conflitos internacionais pelo diálogo", afirmou Costa.
Mudança
de nome do cargo
O ministro pregou uma gestão "sem vaidades", no
"ritmo da correria", com união em busca de consensos, sem anular
opiniões. Anunciou que deixará de usar o antigo título do cargo,
"ministro-chefe" da Casa Civil da Presidência da República, outrora o
mais poderoso dos ministérios do governo.
Segundo Costa, ele deseja ser chamado agora apenas de ministro.
"Um projeto dá certo quando cada um coloca sua vaidade pessoal um degrau
abaixo do coletivo", afirmou Costa. "Como não queremos ser chefe,
tiramos a palavra chefe. Ninguém faz nada sozinho, e não é com relação de
chefe, é de cooperação."
Ele anunciou como membros da equipe a secretaria-executiva,
Miriam Belchior, o subchefe de Assuntos Jurídicos, Wellington Cesar Lima e
Silva, o secretário de Análise Governamental, Bruno Moretti, o secretário de
Administração, Norberto Queiroz, e o secretário de Articulação e Monitoramento,
Maurício Muniz. Marcus Cavalcanti será o secretário do Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI).
República
da Bahia
Antes do discurso de Rui Costa, ex-governador da Bahia por dois
mandatos, o grupo político do PT baiano, que será influente, na Casa Civil
discursou. Chamado por Lula de Galego, o senador Jaques Wagner (PT-BA), também
ex-governador e padrinho político de Rui Costa, foi o primeiro. Wagner é o
"mentor" da aliança política que governa a Bahia desde 2006.
Líder do governo no Senado, Jaques Wagner disse que conversará
com todos os parlamentares, mesmo os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro,
para que façam oposição de forma "inteligente" ao governo Lula.
"Vamos conversar com todo mundo inclusive com a oposição", disse o
senador.
Também discursaram o senador Otto Alencar (PSD-BA) e o novo
governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
Otto Alencar disse que seu partido tem o compromisso de apoiar a
aprovação das pautas encaminhadas por Lula. O senador Ângelo Coronel (PSD-BA)
não discursou.
"Nossa
próxima missão é ajudar o Lula a por o Brasil nos eixos", afirmou
Rodrigues.