divulgação (Foto: Reprodução)
José Dumont diz que pornografia infantil era para "interpretar
papel"
Ator foi preso em flagrante na quinta (15), acusado de armazenar fotos e
vídeos com crianças e adolescentes nus ou durante relações sexuais
O ator José Dumont, 72 anos, preso e autuado em flagrante na
quinta (15), acusado de armazenar fotos e vídeos de pornografia infantil, vai
continuar na cadeia. Na audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (16),
a Justiça transformou a prisão em preventiva.
Dumont, cujo trabalho mais recente como ator foi em "Nos
Tempos do Imperador", da TV Globo, estava escalado para "Todas as
Flores", a ser exibida pelo Globoplay. O contrato de trabalho, porém, foi
rescindido pela Globo após a prisão.
O artista era investigado pela Delegacia da Criança e do
Adolescente. Tinha sido denunciado por supostamente ter mantido relações
sexuais com um menino de 12 anos. Em troca, teria dado dinheiro ao garoto.
Uma transferência bancária feita por Dumont para a suposta vítima
embasou a ordem judicial de busca e apreensão. Foi cumprida por policiais na
quinta-feira no apartamento de Dumont, no Catete (zona sul do Rio).
Na ocasião, foram encontrados e apreendidos 240 arquivos no
celular e em um computador do ator. Eram fotos e vídeos com cenas de crianças e
adolescentes nus ou durante relações sexuais. A descoberta levou à prisão
em flagrante.
À polícia, o ator afirmou que reuniu esse material para um
estudo de preparação profissional. Disse que ia interpretar um papel que teria
relação com o assunto. Mas peritos afirmam que parte das imagens pode ter sido
produzida pela própria câmera do celular. Essa suspeita ainda será investigada.
Dumont
não pagou fiança de R$ 40 mil
Ao registrar a prisão, o delegado estipulou fiança de R$ 40 mil
para a libertação de Dumont. O ator não fez o pagamento, por isso ficou preso.
Nesta sexta-feira, na audiência de custódia, na Central de Audiências de
Custódia de Benfica, o juiz Antonio Luiz da Fonsêca Lucchese determinou a
conversão do flagrante em preventiva.
"A prisão se mostra necessária e proporcional, devendo ser
destacado que os fatos imputados ao custodiado são tipificados como crimes
graves, notadamente porque policiais civis ao cumprirem mandado de busca e
apreensão em desfavor do indiciado teriam encontrado em seu celular e no
computador imagens e vídeos de crianças e adolescentes em prática de atos
libidinosos", afirmou.
"Note-se que teriam sido encontrados cerca de 240 arquivos,
entre imagens e vídeos, o que indicia reiteração criminosa, além de uma
transferência bancária para uma pretensa vítima do procedimento que ensejou
justamente a deflagração do mandado de busca e apreensão", disse o
magistrado.
"Neste prisma, tudo indica que o restabelecimento da
liberdade do custodiado gera ofensa à ordem pública. Apontar que inexiste dolo
é questão não manifesta, sendo certo que não se pode ignorar que, embora a
defesa tenha afirmado que ele não teria tido a vontade de armazenar os arquivos
e que realizaria um trabalho envolvendo o assunto, certo é que não se pode
desconsiderar que o relatório da SEPOL indica 'a possibilidade de ter sido
produzida pela câmera do trabalho apreendido'", afirma.
"Entendo ser o caso de converter a prisão em flagrante em
prisão preventiva do indiciado, uma vez que se fazem presentes os requisitos
estampados no art. 312 do Código de Processo Penal", disse.
O magistrado determinou que Dumont seja encaminhado para
atendimento médico no sistema prisional. O artista teria afirmado estar com uma
doença sexualmente transmissível e sofrer de hipertensão, gastrite e problemas
de tireoide.
O Estadão tentou localizar o advogado de Dumont para que se
pronuncie sobre a manutenção da prisão, mas não teve sucesso até a publicação
desta reportagem.