divulgação (Foto: Reprodução)
PF diz não haver mandante das mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips
No entanto, a participação de outras pessoas no crime é tida como certa
A Polícia Federal informou, nesta sexta-feira (17), que a
apuração acerca dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista
britânico Dom Phillips não apontam indícios de que houve um mandante ou
organização criminosa por trás das mortes.
Em nota divulgada hoje à imprensa, a corporação, que é
responsável por coordenar o comitê de crise para investigação do caso, informou
ainda que as diligências continuam e que, embora não haja um mandante, é
provável que outras pessoas estejam envolvidas no crime. Novas prisões podem
ocorrer nos próximos dias.
Na quinta(16), o avião da Polícia Federal que transportou os
remanescentes humanos encontrados durante as buscas pelo indigenista e pelo
jornalista pousou, por volta das 18h30, no Aeroporto de Brasília. O material
foi levado ao Instituto Nacional de Criminalística, onde será periciado para
confirmação da identidade.
Os restos mortais foram encontrados durante buscas realizadas
com a presença do pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado,
que confessou o assassinato e indicou o local onde os corpos foram enterrados,
uma área de mata fechada a cerca de 2 km da calha do Rio Itaquaí, afluente do
Rio Javari.
Diante da confissão, a PF foi até o local, onde foi realizada a
reconstituição da cena do crime.
Por sua vez, a União dos Povos do Javari (Unijava) afirmou em
nota que discorda da conclusão da Polícia Federal. Segundo a entidade, foram
repassadas informações sobre organizações criminosas que estariam atuando na
região e que poderiam ser as responsáveis pelas mortes do indigenista e do
jornalista.
No documento, a entidade solicita que as investigações continuem
e nenhuma hipótese seja descartada. "Exigimos a continuidade e o
aprofundamento das investigações. Exigimos que a PF considere as informações
qualificadas que já repassamos à eles em nossos ofícios. Só assim teremos a
oportunidade de viver em paz novamente em nosso território, o Vale do
Javari".
Entenda
o caso
Dom Phillips era colaborador do jornal britânico The
Guardian, enquanto Bruno Pereira era servidor licenciado da Fundação Nacional
do Índio (Funai). Ambos foram vistos pela última vez na manhã de domingo (5),
na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com
mais de 8,5 milhões de hectares.
O local concentra o maior número de indígenas isolados ou de
contato recente do mundo. Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São
Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar
vestígios.
O
indigenista denunciou que estaria sofrendo ameaças na região, informação
confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre essa denúncia.
Bruno Pereira estava atuando como colaborador da Unijava, entidade mantida
pelos próprios indígenas da região, e tinha como foco impedir invasão da reserva
por pescadores, caçadores e narcotraficantes.