divulgação (Foto: Ministério das Relações Exteriores do Equador)
Governo inglês aprova extradição de Assange para os Estados Unidos
Jornalista é acusado nos EUA de 18 crimes, incluindo espionagem
A extradição do fundador do WikiLeaks,
Julien Assange, para os Estados Unidos foi aprovada pela ministra britânica do
Interior, Priti Patel, nesta sexta-feira (17). A defesa do jornalista tem agora
14 dias para recorrer da decisão. Julian Assange é acusado, nos Estados Unidos,
de 18 crimes, incluindo espionagem.
O
Ministério britânico do Interior disse que os tribunais do Reino Unido
decidiram que a extradição não seria "incompatível com os direitos
humanos" e que, enquanto estiver nos EUA, "ele será tratado da forma
correta".
A
defesa do fundador da WikiLeaks já confirmou que irá recorrer. "O caminho
para a liberdade de Julian é longo e tortuoso. Hoje não é o fim da luta. É
apenas o começo de uma nova batalha legal", lê-se na declaração da defesa.
A defesa pode, assim, recorrer ao Tribunal Superior de Londres, que deve dar o
seu aval para que o recurso avance.
Stella
Assange, esposa do fundador do WokiLeaks, anunciou que vai recorrer a todos os meios
legais para combater a extradição do marido.
A
defesa pode, em última instância, tentar levar o caso ao Supremo Tribunal do
Reino Unido, mas se o recurso for negado, Assange deve ser extraditado em 28
dias.
A
defesa do jornalista e ativista australiano diz que "este é um dia sombrio
para a liberdade de imprensa e para a democracia britânica".
"Qualquer um neste país que se preocupa com a liberdade de expressão
deveria estar profundamente envergonhado com o fato de o Ministério do Interior
ter aprovado a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, o país que
planejou o seu assassinato", afirma.
Entenda
o caso - O jornalista australiano, de 50 anos, é acusado pela
justiça norte-americana de 18 crimes, incluindo espionagem devido à publicação
de mais de 700 mil documentos secretos relacionados às guerras do Iraque e do
Afeganistão. O fundador da WikiLeaks arrisca, assim, pegar até 175 anos de
prisão caso seja considerado culpado.
O
início da saga legal que envolve Assange remonta a 2010, quando a Suécia pediu
a extradição do fundador da WikiLeaks da Grã-Bretanha por alegados crimes
sexuais. Depois de ter saído derrotado do caso, em 2012, Assange refugiu-se na
embaixada do Equador em Londres, onde permaneceu durante sete anos.
Em
2019, o ativista foi detido e transferido para a prisão de alta segurança
londrina de Belmarsh, no sudeste da capital britânica, onde permanece até hoje.
Anistia
Internacional - Em reação à decisão da ministra inglesa, a
Anistia Internacional sublinhou a mensagem negativa que a extradição de Assange
transmite ao jornalismo mundial e lembrou que o fundador do WikiLeaks fica
exposto a “grande risco”.
“Permitir que Julian Assange seja extraditado para os Estados
Unidos da América coloca-o em grande risco e envia uma mensagem arrepiante aos
jornalistas em todo o mundo”, considerou Agnes Callamard, secretária-geral da
organização.