divulgação (Foto: Reprodução/Pacgov)
Bacia do São
Francisco perdeu 50% da superfície de água nas últimas três décadas
A
Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície de água natural entre 1985 e
2020. Os dados fazem parte de um estudo lançado nesta sexta-feira (3) pela
iniciativa MapBiomas para marcar o Dia Nacional de Defesa do Rio São Francisco,
a pedido do Plano Nordeste Potência, iniciativa de um conjunto de organizações
brasileiras que trabalham pelo desenvolvimento verde e inclusivo da região.
O estudo mostra como quatro grandes reservatórios apresentam tendência de queda
na superfície de água nos últimos 36 anos. A maior das quedas é registrada na
hidrelétrica Luiz Gonzaga (antes Itaparica), entre Pernambuco e Bahia, seguida
por Sobradinho, Três Marias e Xingó. “Esses números refletem o que nós podemos
ver na prática. A Bacia do São Francisco sofre com o uso intenso e sem
planejamento, seja dos recursos hídricos quanto do seu solo. Hoje existem
populações que vivem nessa região e que já sofrem com essas variações.
Precisamos implementar soluções como a recuperação das áreas degradadas o mais
rápido possível, além de promover uma boa gestão dos recursos”, afirma Renato
Cunha, coordenador executivo do Gambá (Grupo Ambientalista da Bahia).
A Bacia do São Francisco é a terceira maior do país e corresponde a cerca de 8%
do território nacional. Ainda que haja grandes variações entre os anos, a
tendência de queda é clara e soma-se a análises anteriores, inclusive do
governo federal. Estudo feito em 2013 pela extinta Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência, por exemplo, indicava que poderia haver uma perda
de até 65% da vazão até 2040, com base no registro de 2005.
“Os preocupantes indicadores do MapBiomas mostram que é urgente
a implantação de um profundo programa de revitalização, previsto desde o início
do projeto de transposição e nunca realizado. Além das ações de
reflorestamento, recomposição de áreas degradadas e obras de saneamento em
centenas de municípios, é fundamental um plano de elevação e estabilização da
vazão média do rio e incentivos a um modelo de economia que impulsione a
regeneração da bacia hidrográfica”, propõe Sérgio Xavier, coordenador do Projeto
HidroSinergia, do Centro Brasil no Clima (CBC), que está desenvolvendo o Lab de
Economia Regenerativa do São Francisco nas fronteiras dos estados de Alagoas,
Bahia, Sergipe e Pernambuco.