Brasil
Publicada em 24/05/22 às 21:57h - 45 visualizações
*Mais de 140 crianças com doenças crônicas voltaram para casa após mães serem treinadas no Martagão* https://www.radiombfm.com.br
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Anderson Sotero Assessor de Imprensa Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil |
divulgação (Foto: Adriano está sendo treinado para poder cuidar do filho em casa) *Mais de 140 crianças com doenças crônicas voltaram para casa após mães
serem treinadas no Martagão*
A lavradora Luciete Santana, 39, tinha o sonho de
poder ir para casa com sua filha, Emily, 6. Com paralisia cerebral, a menina,
que depende de aparelhos para se alimentar e respirar, precisou ficar internada
por quase um ano até que sua mãe fosse treinada por profissionais da Unidade de
Treinamento de Desospitalização (UTD) do Martagão Gesteira e, assim, pudessem
retornar para casa.
O caso de Emily é semelhante ao de mais de 140
crianças portadoras de doenças crônicas que, nos últimos dez anos, receberam alta
e puderam voltar para casa sem terem seus tratamentos interrompidos. Todas
foram pacientes da UTD do Martagão, setor do hospital que treina mães e pais
para poderem cuidar dos próprios filhos.
Nesta quarta-feira, 25, a UTD, única do estado e
referência do país, completa 10 anos. Caso as mães desses pacientes não fossem
treinadas pelo setor, elas teriam que acompanhar seus filhos internados sem
previsão de alta e praticamente “morar” no hospital, afastando-se de outros
filhos, familiares e amigos.
Na maioria dos casos, são situações de pacientes
com longo tempo de permanência em UTI’s, que dependem de ventilação mecânica e
que passam a poder retornar para seus lares mesmo precisando de tecnologias
avançadas para sobreviver. Já houve casos de pacientes, por exemplo, que
ficaram internados por quase dois anos.
Moradora de Jeremoabo, Luciete Santana conta que
trouxe a filha para Salvador, para fazer um exame. “Descobrimos que ela tinha
leucemia, foi para a UTI em outro hospital, mas pegou uma infecção. O quadro
evoluiu para paralisia cerebral. Em seguida, foi transferida para o Martagão.
Eu praticamente morava no hospital. Não saia de perto da minha filha. Tive que
ficar em Salvador e me afastei da minha família”, relata.
Na UTD, as mães são treinadas durante meses para
poderem dar continuidade à assistência dessas crianças, que permanecem sendo
acompanhadas pelo hospital, quando residentes em Salvador e Região
Metropolitana.
*Alta* - O operador de máquina Adriano Santiago,
36, é pai do pequeno Théo de Souza, 8 meses. Por causa de complicações na hora
do parto, o bebê sofreu com falta de oxigênio no cérebro e foi direto para a
UTI. “Meu filho nasceu todo roxo e teve a cabeça deformada. Com dias de
nascido, a gente veio para o Martagão. Ele depende de máquina para respirar e
se alimentar. Tive que me afastar de tudo. Minha família hoje é a equipe do
hospital”, diz.
Desempregado, Adriano conta que a prioridade de
sua vida passou a ser o filho, o primeiro do casal. “O nosso propósito aqui é
ser treinado e ir para casa com meu filho. Eu olho para ele e só vejo coisas
positivas. Dou massagem, brinco. Se hoje ele está aqui, é por causa de Deus. É
um milagre”.
Assim como Adriano, outras 19 famílias estão sendo
treinadas na UTD para serem desospitalizadas - a maioria absoluta são mães que
acompanham seus filhos. “Este programa é de extrema importância para as
famílias, pois possibilita a reinserção social do paciente no leito
familiar, promovendo humanização, segurança e autonomia do cuidador”, ressalta
a enfermeira líder da UTD, Rebeca Abbud.
Criada em 25 de maio de 2012, a UTD foi idealizada
pelo próprio Martagão, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
(Sesab). Com 20 leitos, a UTD recebe crianças de todo o estado, que são
encaminhadas via Central Estadual de Regulação. Em todos os processos, é feita
uma avaliação do paciente para verificar se ele está num quadro estável de
saúde, que permita esse retorno para casa.
“Apesar das dificuldades financeiras que sempre
enfrentou e que continua enfrentando, com um déficit mensal de R$ 700 mil, o
Martagão sempre busca oferecer à população serviços pioneiros e de qualidade e
que, de fato, ajudam a mudar para melhor a vida de milhares de crianças
baianas”, ressalta o presidente da Liga Álvaro Bahia (mantenedora do Martagão),
Carlos Emanuel Melo.
A UTD possibilitou, ainda, que os leitos da rede
pública de saúde que essas crianças ocupariam, caso a unidade não fosse criada,
pudessem ser utilizados para pacientes acometidos por outras doenças, ajudando,
assim, a desafogar a ocupação hospitalar.
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