divulgação (Foto: Alessio Mamo / The Guardian)
Ucranianas podem
ter sido estupradas antes de serem mortas, dizem médicos
Médicos
forenses dizem que há evidências de que mulheres ucranianas estão sendo
estupradas antes de serem mortas pelas tropas russas, segundo reportagem do
jornal The Guardian.
De acordo com Vladyslav Perovskyi, um dos médicos que falou com
o jornal, a Ucrânia tem "alguns casos que sugerem que essas mulheres foram
estupradas antes de serem mortas a tiros". Perovskyi diz ter feito dezenas
de autópsias em moradores das cidades de Bucha, Irpin e Borodianka que morreram
durante a ofensiva da Rússia.
"Nós não podemos dar mais detalhes porque meus colegas
ainda estão coletando dados e temos centenas de corpos para avaliar",
acrescentou o médico.
A equipe de Perovskyi examina cerca de 15 corpos por dia, muitos
deles mutilados.
"Há muitos corpos queimados e corpos fortemente
desfigurados que são simplesmente impossíveis de identificar", disse.
"O rosto pode ser esmagado em pedaços, você não pode montá-lo novamente,
às vezes não há cabeça nenhuma."
Alguns dos corpos, segundo o médico, tinham sinais de que as
vítimas foram mortas por tiros automáticos, com mais de seis buracos de bala
nas costas.
Oleh Tkalenko, promotor sênior da região de Kiev, disse ao
Guardian que detalhes de supostos estupros foram encaminhados ao seu
escritório, que investiga circunstâncias como locais e idades das vítimas.
"Os casos de estupro são um assunto muito delicado e
sensível", afirmou Tkalenko. "Os médicos forenses têm uma tarefa
específica de verificar a genitália das vítimas do sexo feminino e procurar
sinais de estupro."
Um legista estrangeiro trabalhando ao norte de Kiev, que pediu
para permanecer anônimo, disse que alguns corpos "estão em tão mau
estado" que não é fácil encontrar sinais de estupros e abusos sexuais:
"Mas estamos coletando evidências em alguns casos de mulheres que
acreditamos terem sido estupradas antes de ser assassinadas."
Após a retirada das tropas russas de cidades e subúrbios ao
redor da capital, dezenas de mulheres contaram à polícia, à mídia e a
organizações de direitos humanos sobre as atrocidades que elas dizem ter
sofrido nas mãos de soldados russos. Os investigadores ouviram testemunhos de
estupros coletivos, assaltos à mão armada e estupros cometidos na frente de
crianças.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em um
comunicado na semana passada que centenas de mulheres foram estupradas por
soldados russos. As autoridades ucranianas se recusaram a fornecer números
exatos ou detalhes sobre onde os estupros ocorreram ou as idades das vítimas. A
Rússia tem negado repetidamente alvejar civis durante a guerra.