divulgação (Foto: Reprodução / Agência Petrobras)
Gás natural
vendido a distribuidoras deve subir 30% até agosto
A
escalada das cotações internacionais do petróleo após o início da guerra da
Ucrânia pode elevar em 30% até agosto o preço do gás natural vendido às
distribuidoras de gás encanado. A projeção é da Abrace (Associação Brasileira
dos Consumidores de Energia).
Os contratos de gás natural entre Petrobras e distribuidoras são
reajustados trimestralmente com base na variação dos preços do petróleo, que
atingiram os maiores patamares desde 2008 após o início do conflito no Leste
Europeu.
Segundo a Abrace, de acordo com a fórmula atual e as projeções
de preço do petróleo, o preço do gás sairia dos US$ 10,52 (R$ 53,60, pela
cotação atual) por milhão de BTU (medida de poder calorífico) vigentes em março
para o pico de US$ 13,65 (R$ 69,60) milhão de BTU em agosto.
Considerando as projeções de preço do petróleo feitas pela EIA
(Agência de Informações em Energia do governo dos Estados Unidos), o preço
permaneceria em torno dos US$ 13 até dezembro.
Segundo a Abrace, esse aumento elevaria em 25% a tarifa do gás
consumido por indústrias, que passaria de R$ 2,85 por metro cúbico em março
para R$ 3,57 por metro cúbico em setembro.
A estimativa considera apenas o custo da molécula de gás,
excluindo a tarifa de transporte do combustível até as redes das
distribuidoras. O gás já sofreu forte aumento no início do ano, com o início da
vigência de novos contratos de fornecimento.
O preço previsto para agosto de 2022 é quase o dobro dos US$
7,45 (R$ 38) vigentes em agosto de 2021.
Quatro distribuidoras de gás encanado ainda têm liminares contra
o reajuste nos novos contratos da Petrobras: SCGás (Santa Catarina), ESGás
(Espírito Santo), Sergás (Sergipe) e as duas distribuidoras da Naturgy que
atendem o Rio de Janeiro.
"Se as liminares caírem, o aumento vai ser maior", diz
o diretor de Gás Natural da Abrace, Adrianno Lorenzon.
Os analistas Eduardo Faria e Gyslla Vasconcelos avaliam que o
cenário de preços do petróleo e do gás após o início da guerra se caracteriza
mais como uma crise econômica do que como uma crise de oferta de gás.
"O aumento de preços dos combustíveis fósseis produz um
efeito cascata em diversas cadeias produtivas, o que pode provocar aumento da
inflação", afirmam.
Eles lembram ainda que pode haver impactos na conta de luz, já
que o custo de operação de diversas térmicas no Brasil está indexado aos
mercados internacionais, apesar de, no momento, os reservatórios das
hidrelétricas estejam cheios.
"Esse panorama muda conforme a necessidade de utilização
das termelétricas, que pode ocorrer caso as chuvas reduzam de forma
considerável, tornando os preços mais vulneráveis aos eventos geopolíticos
externos."