divulgação (Foto: Reprodução | Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Pesquisa mostra que 55% da população brasileira têm hábito de beber;
médicos alertam sobre danos à saúde
Hoje, 18 de fevereiro, é o Dia
Nacional de Combate ao Alcoolismo
Mais da metade da população
brasileira, 55%, têm hábito de beber. É o que mostra uma pesquisa feita
pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig).
No estudo, 17,2% declararam aumento do consumo durante a
pandemia de Covid-19, associado a quadros de ansiedade graves por causa do
isolamento social.
Hoje, 18 de fevereiro, é o Dia Nacional de Combate ao
Alcoolismo, data destinada a conscientizar sobre danos e doenças que o consumo
excessivo de bebidas alcoólicas pode causar, tanto em homens quanto em
mulheres.
Ainda conforme o levantamento, uma em cada três pessoas no país
consome álcool pelo menos uma vez na semana. O consumo abusivo de bebidas
alcoólicas foi relatado por 18,8% dos brasileiros ouvidos na pesquisa.
Os dados foram levantados com base na resposta de 1,9 mil
pessoas, nas cinco regiões do país. O estudo mostra ainda que, em média, os
brasileiros ingerem três doses de álcool por ocasião, o que representa 450ml de
vinho ou três latas de cerveja.
Diversos fatores podem desencadear a dependência alcoólica, diz
o psiquiatra Rafael Maksud, da Clínica Ame.C. "Fatores que podem
desencadear a dependência alcoólica são a predisposição genética, o início
precoce do uso, doenças mentais preexistentes, condições culturais como
associar o álcool à diversão, histórico de abuso sexual, violência doméstica,
curiosidade, insegurança, entre outros".
Maksud é da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e especialista
em Saúde Pública, Dependência Química e Psiquiatria Integrativa pelo Centro de
Atenção Psicossocial (Caps) e pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e
Atenção Básica (Nasf-AB).
Ele lembra que as consequências do alcoolismo a longo prazo são
negativas sobre a saúde física e psíquica e, na maioria das vezes, causam
prejuízos graves em todos os âmbitos da vida - laboral, familiar ou
social.
"Como exemplo, podemos citar a hepatite, cirrose,
hipertensão, o aumento do risco de acidente vascular isquêmico, distúrbios
sexuais diversos, demência, abstinências severas, depressão, ansiedade e
psicoses induzidas pelo álcool".
A psicóloga Monica Machado, formada pela Universidade de São
Paulo, fundadora da Clínica Ame.C, reforça que o consumo frequente de bebidas
alcoólicas descontrola a liberação regular de substâncias cerebrais
responsáveis pelo controle emocional, o que eleva a vulnerabilidade às crises
de ansiedade".
Por isso, acrescenta, "entender a relação entre ansiedade e
álcool ajuda na busca de respostas mais concretas para reduzir as consequências
do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e do transtorno de ansiedade".
O tratamento para o alcoolismo é geralmente feito com
acompanhamento médico e terapêutico, e alguns medicamentos podem
colaborar.
"Quando bem avaliado e diagnosticado, os medicamentos são
bons coadjuvantes nos tratamentos do alcoolismo, pois ajudam no processo de
abstinência e na prevenção das recaídas. O álcool estimula indiretamente a
atividade opióide endógena, ao promover a liberação dos peptídeos endógenos na
fenda sináptica. Existe um tipo de medicação que atua como antagonista
competitivo nos receptores opióides. Dessa forma, a administração de
antagonistas opióides reduziria o consumo de álcool por meio do bloqueio pós-sináptico
de alguns receptores", explica Maksud.
Opções
de tratamento gratuito
Alcoólicos Anônimos (AA): o grupo de ajuda mútua é referência no
apoio ao alcoólatra que quer parar de beber. A participação é gratuita e um dos
grandes princípios é o sigilo. Presente no Brasil há 80 anos, o Alcoólicos
Anônimos possui reuniões em quase todas as cidades do Brasil.
Caps - AD: os Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas
são unidades de saúde feitas para atender gratuitamente quem precisa tratar o
alcoolismo. O acompanhamento é feito por médicos, psicólogos e terapeutas.
Também há abertura para a participação da família.
Ou, o dependente pode procurar uma unidade tradicional (que
cuida da saúde mental) ou uma unidade básica de saúde de seu município para
fazer o tratamento.