divulgação (Foto: Divulgação/Receita Federal)
Contra corte no orçamento, auditores fiscais entregam cargos e atrasam
liberações em Salvador
Tempo de despacho das cargas é cinco vezes maior do que o habitual; ato
ocorre em reivindicação ao corte de 51,4% do orçamento pelo Governo Federal
Com a exceção de materiais perecíveis e
hospitalares, a liberação de mercadorias importadas pela alfândega, em
Salvador, se dá em um cenário de demoras e adiamentos. Os 25 auditores fiscais
que ocupam cargos de chefia, na capital baiana, entregaram administrativamente
seus postos - em adesão à mobilização nacional da categoria, motivada por um
corte de 51,4% no orçamento da Receita Federal para 2022. Os auditores realizam
operações "padrão" no porto e aeroporto da cidade.
Vice-presidente
da delegacia local do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco),
Leonardo Dantas explica à reportagem que, em ações do tipo, mas mercadorias são
fiscalizadas sob uma perspectiva mais minuciosa. "Com mecanismos mais
rígidos de conferência. Normalmente, a fiscalização é feita por amostras, mas,
neste caso, quando a gente muda para a operação padrão, isso não só aumenta o
prazo [das fiscalizações], como gera custos às empresas". O auditor
acrescenta que o tempo de despacho das cargas é cinco vezes maior do que o habitual.
A
categoria diz que o corte corresponde a R$ 1,2 bilhão - o que garante à receita
um funcionamento pleno apenas até o mês de maio, analisa Leonardo.
"Estamos falando do órgão que arrecada. Aconteceu que, no apagar das
luzes, [o Governo Federal] tirou justamente do órgão que precisa buscar os
recursos e, claro, impacto direto de fiscalização e arrecadação".
Delegacias em Ilhéus, Vitória da Conquista, Porto Seguro e Feira de Santana
também aderiram ao ato.
Demanda
antiga
Os auditores-fiscais reivindicam, para além do orçamento, a regulamentação do
bônus de eficiência que a categoria aguarda desde 2016, após acordo, e que
gerou a Lei 13.464, editada em 2017. "A gente busca também a
regulamentação dessa lei, ou seja, que os critérios e normas sejam definidos",
afirma Leonardo, ao considerar que o corte do orçamento deságua na
impossibilidade da regulamentação, que demanda processos passíveis de verba.
Atualmente, Salvador conta com 300 auditores fiscais, além dos
que figuram nos cargos de chefia, responsáveis por distribuir funções. O número
de servidores, uma das pautas da mobilização, é considerado insuficiente para
atender à demanda, o que coloca a realização de um novo concurso público
como mais uma das demandas urgentes.