divulgação (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
BC reduz previsão de crescimento do PIB de 4,7% para 4,4% em 2021
Para o próximo ano, a estimativa do PIB
foi reduzida de 2,1% para 1%
O Banco Central (BC) divulgou, nesta quinta-feira (16), o Relatório de
Inflação que aponta uma redução do crescimento da economia em 2021. A
estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os
bens e serviços produzidos no país - passou de 4,7% para 4,4%.
De acordo com o órgão, "surpresas negativas" em dados
recentemente divulgados, novas elevações da inflação parcialmente associadas a
choques de oferta e aumento no risco fiscal, de controle das contas públicas,
pioram os prognósticos de crescimento para 2021 e, em especial, para 2022. Para
o ano que vem, a estimativa do PIB foi reduzida de 2,1% para 1%.
O PIB do terceiro trimestre e alguns dos principais indicadores mensais
de atividade econômica apresentaram, de modo geral, resultados piores do que os
esperados à época do relatório anterior, divulgado em setembro.
"Corroborando a evolução menos favorável da atividade, os indicadores de
confiança de empresários e consumidores, particularmente relevantes para
entender a atividade ao longo do trimestre corrente, recuaram nos últimos
meses", disse o BC.
No terceiro trimestre deste ano, o PIB recuou 0,1%, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, encerrados em
setembro, o indicador acumula alta de 3,9%. "Dessa forma, o resultado
abaixo do esperado no terceiro trimestre e a piora nos prognósticos para o
quarto reduzem a projeção de crescimento para 2021 e o carregamento estatístico
para 2022", explicou o BC.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a
taxa básica de juros, a Selic, de 7,75% para 9,25% ao ano, mantendo a
trajetória mais contracionista da política monetária.
Outro risco apresentado pelo Banco Central é a própria evolução da pandemia
de covid-19. Apesar da trajetória favorável no Brasil, com a continuidade da
vacinação, chama atenção o aumento de casos mesmo em países da Europa com
vacinação elevada e a recente detecção de nova variante de preocupação, a
Ômicron. "Esses eventos recentes indicam aumento do risco de desaceleração
da atividade econômica mundial, com reflexos na economia brasileira, e até
mesmo de reversão da trajetória benigna da crise sanitária no Brasil",
frisou o relatório do BC.
Projeção por setores
No âmbito da produção, houve redução nas previsões de crescimento para
os três setores em 2021. A projeção para a agropecuária passou de crescimento
de 2%, no último Relatório de Inflação, para recuo de 0,6%, influenciada por
queda no terceiro trimestre mais intensa do que se previa. Segundo o BC, houve
queda nas estimativas de produção em culturas com participação elevada no
setor, como milho, cana-de-açúcar, café, algodão e laranja, principalmente por
problemas climáticos.
Além disso, a previsão de recuo no abate de bovinos, "influenciada
por consumo doméstico deprimido e, mais recentemente, pela suspensão das
exportações de carne bovina para China, contribui adicionalmente para a
perspectiva de retração da agropecuária neste ano".
Na indústria, a previsão de crescimento caiu de 4,7% para 4,1%, com
piora nas projeções para a indústria de transformação e para a produção e
distribuição de eletricidade, gás e água, parcialmente compensada por melhora
no prognóstico de crescimento da indústria da construção. "A indústria de
transformação segue afetada por dificuldades nas cadeias de suprimentos e por
preços de insumos elevados", explicou o BC.