divulgação (Foto: Reprodução)
Fundação Palmares não apoia eventos ligados ao Dia Consciência Negra na
terra de Zumbi
Quilombo dos Palmares fica na Serra
da Barriga, em Alagoas
No ano em que se completa o cinquentenário dos primeiros atos em
comemoração ao 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, a localidade Serra
da Barriga, em União dos Palmares (AL), onde fica localizado o Quilombo dos
Palmares, promove uma extensão programação especial em homenagem à data e a
Zumbi.
No local há um parque memorial visitado por pessoas de todo o mundo. O
dono desse parque é a Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério do
Turismo. Contudo, a entidade decidiu não apoiar qualquer evento relacionado à
data.
"Quando era o mês da Consciência Negra, a fundação sempre trazia
atrações e ajudava o município com ações e grupos culturais. Neste ano não foi
dado nada, apenas o parque vai estar aberto", diz a secretária de Cultura
de União dos Palmares, Elizabete de Oliveira Silva, citando que o órgão vem
apenas realizando a manutenção de rotina para o parque ficar aberto.
Criado em 2007, no alto da Serra da Barriga (que ocupa uma área de 27,92
km²), o parque recria o ambiente da República dos Palmares. Foi lá o maior e
mais organizado refúgio de negros das Américas durante o período escravocrata,
abrigando também índios e brancos.
O local reconstitui as mais significativas edificações do Quilombo dos
Palmares e teve Zumbi como seu último líder. Ele foi morto em 20 de novembro de
1695 - por isso, a homenagem do Dia da Consciência Negra. Zumbi está inscrito
no livro oficial de heróis da pátria desde 1996., e sua esposa, Dandara também.
O turismo étnico na região, além da importância histórica, é um dos
motores da economia de União dos Palmares, por isso a cidade se esforça para a
data não passar batida.
"Acredito que as pessoas, nossos entes queridos, estão com sede de
estar juntos. Como a gente viu que a fundação não ia participar dos eventos da
semana do dia 20, procuramos parceiros e conseguimos: vamos fazer uma das
melhores festas que já tivemos aqui, talvez nem sintamos tanta falta [da
Palmares]", afirma Elizabete.
Sem atos oficiais do Governo Federal, coube à prefeitura, ao estado e ao
próprio movimento negro comandar uma grande programação em celebração ao Dia da
Consciência Negra.
As celebrações, por sinal, começaram bem antes. Há cinco anos, o grupo
negro Anajô comanda o projeto "Vamos Subir a Serra". Neste ano, até
como uma resposta ao descaso da Fundação Palmares à luta negra, ele teve sua
programação ampliada de cinco para sete dias.
"Nós fazemos essa ação dede 2017 como uma forma de participação da
sociedade civil organizada. Neste ano estamos com uma programação extensa e
bonita", afirma a jornalista Valdice Gomes, integrante do Anajô e
coordenadora do projeto.