divulgação (Foto: Reprodução / Hugo Barreto / Metrópoles)
Alta do gás deve
piorar expectativas de inflação, diz Campos Neto
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou que a
alta no preço do petróleo e do gás natural anunciada nesta sexta-feira (8) pela
Petrobras deverá se refletir em deteriorações adicionais nas expectativas de
inflação do mercado.
"O Brasil teve um grande salto [nas expectativas de inflação]
quando olhamos para 2021, e isso provavelmente ficará pior com o anúncio de
aumento no gás hoje", afirmou Campos Neto, durante participação em evento
online promovido pelo Itaú BBA.
Campos Neto citou incertezas fiscais relacionadas a temas como os
precatórios, a reforma do Imposto de Renda e a continuidade dos programas de
transferência de renda, que têm gerado "alguma insegurança" no
mercado.
"Esperamos que [essas questões] estejam claras logo e depois disso
teremos uma visão melhor sobre qual a política fiscal teremos à frente",
afirmou.
No relatório Focus desta semana, as projeções do mercado para o IPCA
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiram pela 26ª semana
consecutiva, e agora apontam para uma inflação de 8,51% neste ano.
O presidente da autoridade monetária afirmou também que o resultado da
inflação oficial de setembro medida pelo IPCA divulgado nesta sexta (8) pelo
IBGE veio um pouco melhor do que o esperado, mas reconheceu que o indicador
está em um nível bem acima daquele que se previa um mês atrás.
Campos Neto reforçou que a expectativa do BC é por uma desaceleração nos
níveis dos preços após o dado de inflação de setembro.
Segundo o presidente da autoridade monetária, em um cenário externo
menos benigno com a desaceleração da China em curso, o processo de
descompressão nos preços de bens, que se esperava que daria lugar a uma pressão
maior vinda do setor de serviços com o avanço da vacinação, não tem se
confirmando conforme as expectativas iniciais.
Ele afirmou ainda que, em um ambiente de uma inflação mais persistente
de bens do que o previsto, é preciso acompanhar com atenção quais podem ser os
impactos para a cadeia produtiva de modo geral.
"Quando se produz mais bens, se consome mais energia, ao mesmo
tempo em que os países vêm buscando reduzir as emissões de carbono", disse
o presidente do BC, que fez menção aos gargalos já observados em diversas
etapas da cadeia global de suprimentos.