
divulgação (Foto: reprodução)
Falha no motor está entre
principais causas de acidentes aéreos no Brasil
Dados
do Cenipa revelam que Brasil registrou, desde 2015, 1.580 acidentes aéreos
O Brasil registrou, desde
2015, 1.580 acidentes
aéreos, com 355 ocorrências
envolvendo falha ou mau funcionamento do motor das aeronaves. Os dados
divulgados pelo Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) revelam
a importância da manutenção preventiva e dos cuidados operacionais para
garantir a segurança no setor aéreo: dois a cada dez acidentes ocorrem por
falhas no motor.
Impacto das falhas no motor
De acordo com os dados coletados pelo Cenipa, cerca de 20% dos acidentes aéreos no
Brasil estão relacionados a falhas no motor, seja de forma isolada ou combinada
com outros fatores. Em números absolutos, isso representa 355 acidentes, um dado preocupante que
destaca a necessidade de manutenção rigorosa e uma fiscalização constante para
garantir a operação segura das aeronaves.
Esses números não incluem o trágico acidente ocorrido na Avenida
Marquês de São Vicente, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, na última
sexta-feira (7). Um avião de pequeno porte caiu durante uma tentativa de pouso,
atingindo um ônibus e causando uma explosão. Duas pessoas que estavam na
aeronave morreram, e outras sete ficaram feridas, sendo socorridas em solo. O Cenipa
segue investigando as causas desse acidente.
IML libera corpos das vítimas de
acidente aéreo em São Paulo
O Instituto
Médico Legal (IML) de São Paulo liberou, neste sábado
(8), os corpos das duas vítimas do acidente aéreo ocorrido nesta
sexta-feira (7). De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os
corpos do advogado Márcio
Louzada Carpena, de 49 anos, e do piloto Gustavo
Medeiros passaram por exames de odontologia legal e foram liberados
para as famílias.
O escritório Carpena Advogados Associados, no qual Márcio era
sócio, emitiu uma nota informando que está tomando as providências necessárias
para o translado dos corpos para Porto Alegre. A previsão é de que o transporte
das urnas funerárias aconteça ainda neste sábado, com o objetivo de viabilizar
o sepultamento nesse domingo (9).
O acidente envolveu uma aeronave King
Air F90, que decolou do Aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São
Paulo, por volta das 7h15, com destino à Porto Alegre. O piloto tentou realizar
um pouso forçado na Avenida Marquês de São Vicente, mas a aeronave acabou
atingindo um ônibus que passava pela via, resultando em uma explosão. Ambos os
ocupantes da aeronave, Medeiros e Carpena, faleceram no local. Seis pessoas que
estavam nas proximidades sofreram ferimentos leves, mas não correm risco de
vida. A Polícia Civil registrou a ocorrência como homicídio culposo e lesão
corporal.
Outras causas de acidentes aéreos
Além das falhas no motor, o Cenipa também identificou outras
causas recorrentes de acidentes aéreos no Brasil. Entre as mais comuns estão:
- Perda de controle em voo: 303
acidentes
- Excursão de pista (quando
a aeronave ultrapassa os limites da pista durante pouso ou decolagem): 290
acidentes
- Perda de controle no solo: 153
acidentes
- Operação em baixa altitude: 126
acidentes
Esses números evidenciam que, embora as falhas no motor sejam um
fator significativo, diversos outros aspectos da operação aérea, como o
controle da aeronave e a gestão da pista, também desempenham papéis cruciais na
segurança da aviação.
Aviação de pequeno porte e riscos
associados
Outro dado, proveniente de um levantamento realizado pelo
Departamento de Segurança de Voo do Sindicato
Nacional dos Aeronautas (SNA), é o número de acidentes
envolvendo aeronaves de pequeno porte. Nos últimos 10 anos, houve 1.471 acidentes com esse tipo de
aeronave, dos quais 681 resultaram
em vítimas fatais. As operações consideradas no levantamento incluem aviação
agrícola, especializada, experimental, de instrução, privada e de táxi aéreo.
O SNA chama a atenção para a necessidade urgente de
aprimoramento das práticas operacionais e da capacitação dos pilotos.
“A
aviação particular, agrícola e táxi aéreo, por serem menores em sua natureza e
menos regulados em função do tipo de operação, são os que possuem menos
barreiras de defesa para a prevenção de acidentes e incidentes”,
afirma o diretor jurídico do sindicato, Diego
Barrionuevo.
Manutenção preventiva e fiscalização
A Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) é a responsável por
fiscalizar a manutenção das aeronaves de pequeno porte. A Inspeção Anual de Manutenção (IAM) é
uma exigência obrigatória para garantir que todas as aeronaves estejam aptas
para o voo, e que seus componentes e equipamentos estejam em boas condições de
funcionamento.
No entanto, especialistas indicam que é necessário um reforço na
fiscalização e na exigência de manutenção preventiva, principalmente nas
aeronaves menores, que muitas vezes operam com menos recursos para garantir a
segurança da tripulação e dos passageiros.