Divulgação (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
“Só queria que aquilo parasse de acontecer”, afirma Anielle ao
falar pela primeira vez sobre assédio de ex-ministro
A ministra disse que as importunações de Silvio Almeida
começaram com “atitudes inconvenientes” ainda durante a transição de governo
Lula (PT)
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou pela
primeira vez acerca das acusações de assédio envolvendo o ex-ministro dos
Direitos Humanos, Silvio Almeida. Em entrevista à revista Veja, publicada nesta
sexta-feira (4), a ministra confirma ter sido vítima e cita medo dos
julgamentos.
“Ninguém se sente à vontade ficando em silêncio em uma situação
assim. Mas eu não queria a minha vida exposta e atravessada mais uma vez pela
violência. Só queria que aquilo parasse de acontecer”, contou.
Anielle afirma que as importunações começaram com “atitudes
inconvenientes” ainda durante a transição de governo, em 2022. “Não tínhamos
nenhuma relação profissional até a transição do governo, em dezembro de 2022.
Ali começaram as atitudes inconvenientes, que foram aumentando ao longo dos
meses até chegar à importunação sexual”, disse.
Na legislação brasileira, o crime de importunação sexual
caracteriza desde assédios verbais a toques não consentidos. Quando questionada
sobre o fato de não ter denunciado antes, a ministra afirma ter ficado
“paralisada” e tentado “focar na missão, no propósito e em toda a
responsabilidade” do cargo.
“Ficamos com medo do descrédito, dos julgamentos, como se o que
aconteceu fosse culpa nossa”, completou. “Por um tempo, quis acreditar que
estava enganada, que não era real, até entender e cair a ficha sobre o que
estava acontecendo. Fiquei sem dormir várias noites”, disse Anielle.