Divulgação (Foto: Rovena Rosa/Agencia Brasil)
Haddad defende autonomia financeira do Banco Central mas
discorda que vire estatal
A CCJ do Senado firmou um acordo com o governo federal para
discutir a autonomia orçamentária do BC, sem transformar a autarquia em uma
entidade estatal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu publicamente a
autonomia financeira do Banco Central, mas discordou em transformar a autarquia
em empresa pública. A declaração foi feita nesta sexta-feira (12), em um evento
organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em
São Paulo.
“Nós entendemos que transformar o Banco Central em empresa não
vai ser bom. Quero dizer isso publicamente: não é o caminho transformar o Banco
Central em uma empresa de direito privado. Uma coisa é discutir a autonomia
financeira: (eu sou) a favor. Estou dizendo publicamente que estou disposto.
Outra coisa é transformar numa empresa, criando uma figura nova, subordinada ao
Senado, e não ao Conselho Monetário Nacional (CMN)”, afirmou o ministro.
Segundo Haddad, a autonomia financeira permitiria ao Banco
Central investir em tecnologia, capacitar seus funcionários e melhorar a
interlocução com o setor regulado. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
do Senado firmou um acordo com o governo federal para discutir a autonomia
orçamentária do BC, sem transformar a autarquia em uma entidade estatal.
Em caso do Banco Central se tornar uma estatal, os recursos do
Tesouro Nacional, destinados a cobrir eventuais prejuízos na gestão das
reservas internacionais, seriam contabilizados como gastos primários. Pelas
normas vigentes, esse montante é considerado despesa financeira.
No momento, a CCJ analisa uma Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) que transforma o BC em estatal. A proposta garante autonomia técnica,
operacional, administrativa, orçamentária e financeira. Assim, o BC poderia
executar seus recursos de forma independente do governo, mas ainda prestando
contas ao Congresso Nacional.
A proposta também prevê uma alteração no regime dos servidores,
que deixariam de ser regidos pelas normas do regime jurídico único (RJU) para
serem empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas
garante a estabilidade.