
Divulgação (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
Alexandre
Silveira diz que nem todas as áreas se resolvem com liberalismo
Ministro de Minas e Energia saiu em defesa de um Estado que não
dependa exclusivamente da iniciativa privada
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou neste
sábado (8), que o liberalismo não é resposta para algumas áreas públicas. A
fala ocorreu durante um debate em fórum realizado pela Esfera, em Guarujá,
litoral paulista.
A afirmação de Silveira ocorreu como contraponto ao governador
de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, ao contrário de
Oliveira, disse ser liberal e acreditar "no Brasil que vai ter economia de
mercado, um Brasil que vai aproveitar o seu potencial, que vai fazer transição
energética".
Silveira saiu em defesa de um Estado que não dependa
exclusivamente da iniciativa privada. "O País precisa crescer, gerar
emprego e renda. Precisa criar oportunidades de toda essa estabilidade jurídica
regulatória, já que nós temos um país geopoliticamente muito bem colocado e que
tem estabilidade social e política. E demonstrou isso, inclusive, o ano
passado, com as máximas turbulências possíveis que poderiam ter acontecido. É
necessário que a gente busque soluções para que voltemos a investir. E nem todas
as áreas se resolvem, exclusivamente, com o estado ultraliberal que acredita
apenas o investimento privado", afirmou o ministro de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
Silveira ainda afirmou que não vê incongruência entre a ambição
do Brasil de ser uma referência na agenda global de transição energética e, ao
mesmo tempo, seguir explorando campos de petróleo, inclusive na Bacia da Foz do
Amazonas. "Infelizmente, não há no mundo quem possa dizer em quanto tempo
vamos poder abrir mão da fonte energética do petróleo", frisou Silveira.
"Não é incongruente [com a agenda de transição]. Temos que,
sim, dar o direito a brasileiras e brasileiros, ao setor produtivo, de conhecer
as suas potencialidades naturais e fazer o Brasil crescer e combater a
desigualdade", reforçou o ministro, que diz acreditar na descarbonização.
Segundo Silveira, ao mesmo tempo em que investe na exploração de
petróleo, o Brasil contribui para a sustentabilidade global. Ao lembrar que,
graças a políticas públicas implementadas ao longo de décadas, 88% da energia
elétrica do País provêm de fontes renováveis, ele destacou que o Brasil já fez
e continuará investindo na transição energética.
Nesse sentido, citou a contratação neste ano de mais de R$ 60
bilhões em linhas de transmissão, que, segundo ele, vão destravar ainda mais
energia limpa e renovável ao País. Disse também que espera a aprovação do
projeto de lei do Combustível do Futuro. Já aprovado na Câmara, o projeto prevê
maior mistura de etanol anidro na gasolina, de 27,5% para até 35%, e do biodiesel
no diesel, de 14% para 25%.
Para o ministro de Minas e Energia, o Brasil tem autoridade para
discutir transição energética na arena internacional. Ao presidir neste ano as
reuniões do G20 e receber, em novembro do ano que vem em Belém, no Pará, a COP30,
conferência sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), o
Brasil - defendeu Silveira - precisa aproveitar a oportunidade para abrir as
portas aos investimentos que o resto do mundo está fazendo na substituição de
combustíveis fósseis.
'Magda Chambriard tem toda a nossa confiança'
Silveira reforçou que o governo tem confiança no trabalho da
nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Ele volta a falar que a CEO da
empresa acompanhou a discussão, no primeiro ano da nova gestão de Lula, sobre
as prioridades que o Executivo defende para a companhia.
"Nós sempre destacamos com veemência e transparência o que
o governo pensa da Petrobras. O governo é controlador e entendemos que,
respeitando a governança da empresa, deve participar das questões
estratégicas", declarou antes de participar de painel do Fórum Esfera.
Silveira tem defendido em pronunciamentos públicos um equilíbrio
entre a necessidade de manter a atratividade da Petrobras para investidores
internos e externos e a pauta de investimentos defendida pelo governo. A saída
de Jean Paul Prates é internamente atribuída a um eventual desalinhamento com
essa pauta.
"A atual presidente tem toda a nossa confiança, até porque
ela acompanhou todo esse debate de um ano e quatro meses. Então ela conhece a
pauta que é tão importante para o Brasil, que é manter uma empresa vigorosa,
com governança muito segura e que seja atrativa para os investidores, mas
também cumpra a sua função social", disse Silveira.
O ministro também tem reiterado publicamente que o governo
defende "o que já é público", ao falar das prioridades da empresa. O
plano estratégico referente ao período de 2024 a 2028 tem previsão de
investimentos de US$ 102 bilhões. O montante é 31% acima dos US$ 78 bilhões em
aportes entre 2023 e 2027. Para além de petróleo e gás natural, há prioridades
em investimentos "rentáveis" de baixo carbono, conforme comunicado da
Petrobras divulgado no fim de 2023.