
Divulgação (Foto: Reprodução X/Formula 1)
O adeus a um ídolo: morte de Ayrton Senna completa 30 anos
Um dos maiores ídolos brasileiros, Senna foi vítima de um
acidente em Interlagos no dia primeiro de maio de 1994
O 1º de maio deste ano marca também os 30 anos do adeus ao maior
ídolo brasileiro do automobilismo, Ayrton Senna.
Nascido em São Paulo, na década de 60, Senna iniciou sua
carreira no automobilismo como a da maioria dos pilotos: no kart, ao ganhar de
presente um modelo construído pelo pai, quando tinha 4 anos de idade. Feito de
maneira amadora, o motor foi tirado de um cortador de grama e chegava aos 60
km/h. Foi o principal “brinquedo” de Senna na infância e o começo de tudo.
Em 1973, aos 13 anos, veio a primeira corrida de kart, em São
Paulo. Senna era o mais novo dos pilotos na categoria, mas liderou a corrida.
Para muitos, ele criou uma nova forma de pilotar karts.
Conquistas
e escolhas
O primeiro título não demorou muito. Vieram três campeonatos
brasileiros e dois sul-americanos. O automobilismo era o seu mundo.
Mas, no início da década de 80, Senna precisava tomar uma
decisão importante em sua carreira. Cursava Administração para seguir com os
negócios da família, mas não estava feliz com esse futuro. Ele queria mesmo era
continuar no automobilismo, se mudar para Inglaterra e competir nos grandes
campeonatos. Seus pais compreenderam e decidiram apoiar o sonho do filho.
O talento demonstrado por Senna foi visto por patrocinadores, e
o piloto brasileiro entrou na Fórmula Ford 1600 em 1981. O título de campeão
não demorou muito e logo ele já estava na Fórmula 2000. Mas o foco estava além.
O próximo passo de Senna era competir na Fórmula 3 britânica, que era
considerada a porta de entrada da Fórmula 1.
Em 1983, os patrocinadores e diretores já conheciam o nome de
Ayrton Senna. Ainda no começo da sua jornada na Fórmula 3, ele foi convidado
para testar o carro da equipe Williams, uma das maiores da categoria. Senna
bateu o recorde do carro na pista de Donington Park e deixou todos “perplexos”,
palavras de Frank Williams, chefe da equipe na época.
Estreia
Ayrton Senna estreou na Fórmula 1 em 25 de março de 1984, no
Grande Prêmio do Brasil, no Rio de Janeiro. A equipe Toleman foi a marca que
apoiou o seu debute e logo depois, assinou com a Lotus, onde correu por 3 anos.
Mas Senna queria mais.
A primeira vitória de Senna em Interlagos veio de forma épica.
Em uma corrida que exigiu toda vontade e experiência do piloto, ele teve
problemas no câmbio, perdeu marchas e fez um esforço físico enorme para dirigir
o carro. Além disso, começou a chover, dificultando ainda mais a pilotagem. Mas
Senna conseguiu se manter na pista até o final e chegou exausto, sem ter forças
até para levantar o troféu no pódio. Nos registros da época, é possível ver sua
dificuldade para sair do carro e a expressão de dor que ele fez ao levantar o
troféu no pódio. Mas ele estava no lugar mais alto. Ele estava em casa.
O adeus
Na Fórmula 1, os treinos livres acontecem na sexta-feira, o
classificatório no sábado e a corrida no domingo. Na sexta-feira, o piloto
brasileiro Rubens Barrichello, que estava começando a carreira no
automobilismo, sofreu um grave acidente e teve que ser hospitalizado com uma
fratura no nariz e algumas escoriações. No sábado, o austríaco Roland
Ratzenberger também sofreu um forte acidente, mas não teve a mesma sorte de
Barrichello. Ratzenberger morreu na hora, gerando comoção no público e nos
pilotos, que ficaram apreensivos.
Eles se reuniram para exigir mais segurança na corrida e,
inclusive, alguns dizem que Senna cogitou a possibilidade de não participar. No
entanto, após um acordo entre pilotos e os diretores das equipes, decidiram
continuar.
Senna precisava vencer para passar Schumacher. A corrida era
decisiva. E como era de costume, fez a volta mais rápida do treino
classificatório e largou na primeira posição com uma excelente saída. Tudo
estava sob controle. Ayrton Senna liderava a corrida, com Schumacher logo
atrás. Mas na sexta volta, uma quebra na barra de direção fez Senna perder o
controle do carro quando passava pela curva Tamburello, onde chocou-se com uma
mureta de proteção a quase 300 km/h. A batida foi assustadora. Os narradores
não sabiam como reagir. Senna foi levado de helicóptero para o hospital, mas
não resistiu aos ferimentos. Ayrton Senna morreu no dia 1º de maio de 1994, aos
34 anos.
Seu velório foi um dos mais marcantes da história do Brasil, com
cerca de 22 horas de duração, e foi acompanhado por aproximadamente 240 mil
pessoas. O choro pelas ruas revelava mais do que a perda de um ídolo, mas de
uma paixão nacional. Era o sentimento de se despedir daquele que entrava nas
casas de manhã cedinho, veloz, encantador, emocionante, com narração de Galvão
Bueno, trilha sonora de vitória inesquecível aos ouvidos e ao coração. Àquela
altura, o Brasil não era mais o país só do futebol.