Divulgação (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Lula defende lei Rouanet e volta a atacar Bolsonaro
ao sancionar Sistema Nacional de Cultura
Governo tem se referido ao sistema como o "SUS da
Cultura", em referência ao Sistema Único de Saúde
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou na
quinta-feira (4), a política de Cultura do governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL). "Quando a ignorância comandava o nosso País, falavam que
artista era vagabundo", disse o presidente durante o evento de sanção ao
projeto que institui o Sistema Nacional de Cultura (SNC).
O governo tem se referido ao sistema como o "SUS da
Cultura", em referência ao Sistema Único de Saúde. No discurso, Lula
saudou o SUS e comparou a importância do sistema com o novo instrumento de
fomento à cultura. "Ninguém que vai poder acabar com a cultura do País"
ao extinguir o Ministério da Cultura, como ocorreu durante a gestão Bolsonaro,
disse o presidente.
O sistema existe desde 2012, mas ainda não estava regulamentado.
A medida foi aprovada pelo Congresso em março e, desde então, aguardava o aval
do presidente para entrar em vigor. A cerimônia para a sanção do dispositivo
ocorreu no Teatro Luiz Mendonça, em Recife (PE), e contou com a presença da
ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do prefeito da capital pernambucana,
João Campos (PSB).
O presidente também saiu em defesa de outro dispositivo de
captação para o setor cultural, a Lei Rouanet, alvo frequente de críticas de
Jair Bolsonaro e apoiadores do ex-presidente. Lula criticou a ideia de que a
Rouanet serve como "desfalque dos cofres do Tesouro para sustentar
'vagabundo'".
"A Lei Rouanet não é favor, a Lei Rouanet não dá dinheiro.
A Lei Rouanet aprova um projeto. O artista que teve o projeto aprovado vai ter
que correr atrás de dinheiro", disse o petista, que pediu por mais
diversidade social nos editais fomentados pela Rouanet. "Se ele for negro
e pobre, da periferia, ninguém quer dar dinheiro para ele. As pessoas querem
dar dinheiro para outros tipos de artistas."
Para que o sistema de cultura fosse aprovado no Congresso, a
base do governo Lula teve que fazer concessões aos setores conservadores do
Legislativo. No Senado, a relatora do projeto foi Augusta Brito (PT-CE). A
petista aceitou uma emenda de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente,
para que o financiamento de projetos via SNC obedecesse a critérios como
"moralidade pública" e "zelo aos valores religiosos".
"Para fins desta Lei, o pleno exercício dos direitos
culturais não deverá possuir caráter político-partidário ou personalista,
tampouco afrontar a dignidade e a moralidade pública ou incitar a prática de
crimes", diz o texto aprovado pelos congressistas e sancionado na quinta
pelo presidente.