Divulgação (Foto: Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil)
Cláusula do acordo de leniência firmado entre MPF e J&F foi
sugestões de Deltan Dallagnol
Quando a colaboração premiada do empresário Joesley Batista veio
à tona, Dallagnol mostrou preocupação com a negociação dos acordos de leniência
com o Brasil e EUA
Uma cláusula do acordo de leniência firmado pelo Ministério
Público Federal (MPF) com a J&F na Operação Greenfield foi inserida após
sugestões do ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol, então coordenador da
força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba. A informação é da jornalista do O Globo,
Bela Megale.
Os dados estão em novos trechos das conversas do grupo de
Telegram que reunia procuradores das forças-tarefas das duas operações. As
mensagens foram registradas apenas duas semanas antes de o acordo ser fechado.
A coluna teve acesso a novos trechos das conversas obtidas por meio de um
ataque hacker e que fazem parte dos autos da Operação Greenfield.
Em 18 de maio de 2017, quando a colaboração premiada do
empresário Joesley Batista veio à tona, Dallagnol mostrou preocupação com o
fato de a J&F estar negociando acordos de leniência paralelamente com o
Brasil e os Estados Unidos. “Concordo que a leniência tem que ser alta, mas não
dá para fechar valores antes dos EUA, sob pena de passar vergonha histórica.
Porque fecha aqui por 6 e depois os EUA fecham em 60 e ficamos com cara de
trouxa”, disse aos colegas.
A opinião foi referendada pelo procurador Andrey Borges de
Mendonça, que estava lotado no MPF de São Paulo, mas prestava auxílio direto no
Distrito Federal no âmbito da Operação Greenfield. “Eu também achei arriscado.
Mas só pensei nisso agora (risos)”, disse Mendonça. Ele participou das
negociações com a empresa e foi um dos signatários da leniência, por parte do
MPF.