Divulgação (Foto: reprodução)
Marido de brasileira vítima de estupro
coletivo na Índia relata crime
Mulher viajava com o marido quando, ao pararem para acampar, ela
foi atacada por pelo menos sete homens. Três estão presos
O marido da
turista brasileira vítima de estupro coletivo no leste da Índia, relatou, por
meio de vídeo divulgado nas redes sociais, que os criminosos colocaram uma faca
no seu pescoço e o agrediram durante o ataque que terminou com uma agressão
sexual contra ela.
Vicente, que é
espanhol, e Fernanda mantém um canal online de viagens e faziam uma longa
expedição por países asiáticos.
Com hematomas
no rosto, Vicente e Fernanda, que também tem cidadania espanhola narram no
vídeo os momentos de terror. O grupo de sete homens os atacou na barraca de
acampamento que haviam montado, em uma área remota, para passar a noite de
sexta-feira (1º), para sábado (2). Os dois viajavam de motocicleta pelo país.
"Fomos
atacados, golpeados, colocaram uma faca no meu pescoço e violaram a
Fernanda", disse Vicente no vídeo, que não aparece mais no perfil deles.
A violência
sexual ocorreu o distrito de Dumka, estado de Jharkhand,. Três suspeitos do
crime já foram detidos neste sábado (2), e a polícia está atrás de outros
envolvidos. A polícia estima que a participação de até dez pessoas. Os
viajantes também foram roubados.
A denúncia foi
reportada no sábado, logo após o ocorrido. Mas como os agentes só sabiam falar
hindi, língua local, as autoridades souberam que era um estupro só quando ambos
chegaram no hospital.
Ao mostrar os
hematomas no rosto, Vicente também destacou os golpes recebidos com um capacete.
"A minha boca está destruída", afirmou. "Bateram várias vezes
com um capacete e atingiram uma pedra na minha cabeça."
O casal, que
passou a primeira noite após o episódio sob tratamento médico, já foi
transferido para uma unidade do governo. Eles já prestaram depoimento a um
juiz.
No perfil
próprio, Fernanda também publicou vídeo sobre o fato ocorrido. "O meu
rosto está assim, mas não é isso que me dói mais. Pensei que íamos morrer, mas
graças a Deus estamos vivos", disse ela, mostrando o rosto bastante
machucado.
Casal mantém canal de viagens pelo mundo
O casal de
influenciadores Vivente e Fernanda é conhecido pelo perfil
@vueltaalmundoenmoto, onde relata as viagens feitas de motocicleta ao redor do
mundo, detalhando as estradas, os acampamentos, além da cultura dos locais
visitados.
No perfil do
Instagram, que reúne mais de 166 mil seguidores, são descritas viagens, sendo a
mais recente para a Índia, onde o casal foi vítima da agressão. Das 196 nações
que enumeraram pretender visitar, já estiveram em pelo menos 66.
Segundo o
casal, o projeto "Volta ao Mundo de Moto" consiste em viajar por
todos os países onde é permitido entrar com as motocicletas. A ideia não é
apenas atravessá-los, mas visitá-los e passar algum tempo neles para os
conhecer melhor.
O casal viajou
da Espanha para fazer uma viagem por vários países asiáticos, entre eles
Paquistão, Bangladesh, Índia e Nepal.
Procurados, o
Itamaraty e a Embaixada do Brasil em Nova Délhi não se manifestaram. O espaço
permanece aberto para manifestação
Nas redes
sociais, a Embaixada da Espanha no país asiático agradeceu as manifestações de
apoio e defendeu o combate à violência contra a mulher.
País asiático tem média de 90 agressões sexuais por dia
A lei
estabelece penas severas para o estupro, a maioria inafiançáveis. Um estupro,
segundo o Código Penal indiano, é punível com ao menos 10 anos de reclusão, e
um estupro coletivo, com prisão perpétua. Após os depoimentos, a polícia pode
pedir à vítima que reconheça os agressores, sendo que estes também deverão
passar por exames médicos.
As
condenações, no entanto, são raras e muitas denúncias acabam estagnadas no
saturado sistema judicial do país, que tem a maior população do planeta.
Em 2012, o
caso de uma estudante que foi vítima de um estupro coletivo e depois assassinada
ganhou as manchetes em todo o mundo. Jyoti Singh, uma estudante de psicoterapia
de 23 anos, foi estuprada e abandonada, dada como morta, por cinco homens e um
adolescente em um ônibus em Nova Délhi, em dezembro daquele ano.
O caso trouxe
à tona os altos níveis de violência sexual na Índia e levou a semanas de
protestos e a uma mudança na legislação para punir o crime de estupro com a
pena de morte.