Divulgação (Foto: Agência Brasil)
Alternativa à desoneração da folha será
apresentada na próxima semana, diz Haddad
Ministro da Fazenda revelou que o governo pretende, se necessário,
questionar constitucionalidade no STF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta
quinta-feira (14), em Brasília, que a apresentação da proposta alternativa do
governo para a desoneração da folha de pagamento foi adiada para a próxima semana.
Ele acrescentou que a ideia pode ser apresentada por meio de Medida Provisória
ou Projeto de Lei e está sujeita a cálculos que estão sendo finalizados pela
equipe econômica. As informações são da Agência Brasil.
"Nós íamos apresentar [a proposta do governo] antes da
apreciação do veto, mas não houve vontade do Congresso, desejo de esperar. A
solução para colocar no Orçamento vamos apresentar semana que vem. Queremos
apresentar o quanto antes, as equipes estão trabalhando nos cálculos há algum
tempo, desde que o presidente [Lula] validou em Dubai. Nossa ideia é que, na
semana que vem, a gente encaminhe para o Congresso uma solução", declarou
o ministro ao retornar de reunião no Palácio do Planalto.
Diferentemente da legislação que teve o veto derrubado pelo
Congresso nesta tarde, a proposta do governo, segundo Haddad, não impactará o
Orçamento de 2024. Isso ocorre porque eventuais desonerações que resultem em
uma redução na arrecadação da Previdência Social serão compensadas por medidas
destinadas a aumentar as receitas do governo.
"Não haverá impacto porque a solução será encaminhada junto
com medida compensatória. A ideia é não mexer no Orçamento. Justamente para
garantir o equilíbrio e os programas sociais. Não posso antecipar porque
estamos fazendo os cálculos", explicou o ministro.
Haddad também informou que o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), está ciente da proposta alternativa e está empenhado em
assegurar sua aprovação. "Ele [Pacheco] está familiarizado com a solução
que vamos apresentar. Achou simpática a solução. Penso que vamos conseguir
construir uma alternativa ao que foi aprovado", comentou.
Reunião fora da agenda
Haddad teve uma reunião fora da agenda no Palácio do Planalto
logo após a derrubada do veto do presidente ao projeto que prorroga a
desoneração da folha de pagamentos até 2027 e institui uma alíquota menor para
a Previdência Social a prefeituras de municípios de pequeno porte. Segundo o
ministro, o impacto das duas medidas está estimado em R$ 25 bilhões no
Orçamento do próximo ano.
"A questão da desoneração [na versão atual] tem dois
problemas. Um está no Orçamento. Ali é uma renúncia de mais de R$ 25 bilhões.
Vai ser um problema fechar o Orçamento com essa medida", declarou o
ministro. O segundo problema, ressaltou Haddad, é a inconstitucionalidade da
lei que teve o veto derrubado, atestada por parecer da Advocacia-Geral da União
(AGU).
"Ela viola um dispositivo da Reforma da Previdência, que é
um dispositivo constitucional que impede que sejam dados benefícios que corroam
a base de arrecadação da Previdência Social. É essa arrecadação que garante
salário mínimo, BPC [Benefício de Prestação Continuada] e assim por
diante", justificou.
Constitucionalidade
O ministro confirmou que o governo pretende, se necessário,
questionar no Supremo Tribunal Federal (STF) a constitucionalidade da
desoneração da folha. No entanto, disse que o governo não quer confronto com o
Congresso e, por isso, busca construir uma solução alternativa.
"Obviamente,
o parecer da AGU é incontornável. Se [a lei] for declarada inconstitucional,
não existe nenhum problema. Se for declarada inconstitucional, ainda assim não
queremos prejudicar ninguém. Só queremos cumprir a Constituição, o
Orçamento", finalizou o ministro da Fazenda.