Divulgação (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Americanas
divulga prejuízo de R$ 19,1 bilhões em 2021 e 2022
Plano de recuperação judicial exige apresentação de novos
balanços
As Lojas Americanas divulgaram, nesta quinta-feira (16), o
prejuízo após as descobertas de fraudes contábeis no início deste ano. Em 2021
e 2022, a companhia acumulou prejuízo de R$ 19,1 bilhões, dos quais R$ 6,2
bilhões em 2021 e R$ 12,9 bilhões no ano passado, o maior rombo anual da
história da empresa. A companhia está prestes a ter o plano de recuperação
judicial votado. As informações são da Agência Brasil.
O balanço de 2021, que originalmente apontava lucro de R$ 544
milhões, foi revisado. Adiado por quatro vezes, o balanço de 2022 ainda não
tinha sido divulgado. A divulgação dos resultados é condição para que o plano
de recuperação judicial possa ser votado pela assembleia de credores. A votação
está prevista para ocorrer na terceira semana de dezembro.
Em 19 de janeiro, as Lojas Americanas entraram em recuperação
judicial, com dívidas declaradas de R$ 49,5 bilhões. Uma semana antes, em 11 de
janeiro, o então CEO da companhia pediu demissão ao descobrir
"inconsistências contábeis" em torno de R$ 20 bilhões.
Posteriormente, assessores jurídicos envolvidos no plano de
recuperação judicial apontaram que as gestões anteriores inflaram os lucros das
Lojas Americanas em R$ 25,3 bilhões. O valor refere-se a vários anos, mas a
empresa não informou por quantos anos perdurou a maquiagem contábil.
Os novos balanços enfrentam resistências. Contratada em junho
para auditar a contabilidade das Lojas Americanas, a firma de auditoria BDO não
deu o aval para os números. Em relatório anexo aos resultados, os auditores
informaram não expressar opinião sobre as demonstrações contábeis porque
"não nos foi possível obter evidência de auditoria apropriada e suficiente
para fundamentar nossa opinião de auditoria sobre essas demonstrações contábeis
individuais e consolidadas".
Entre
os principais questionamentos da BDO estão o teste de valor recuperável dos
ativos (valor que pode ser recuperado), que, segundo os auditores, não se
baseou em premissas que não considerassem as inconsistências contábeis. A BDO
substituiu a PwC, responsável por auditar os balanços anteriores das Lojas
Americanas.